Não me lembro de ter escolhido a Medicina.
Ser médica sempre foi um desejo que nasceu, cresceu comigo e nunca me deixou.
Recordo a angústia que senti quando um amigo de escola teve uma convulsão no pátio e percebi as pessoas atordoadas, sem saberem o que fazer. Na minha cabeça de 9 anos, ser médica me traria a certeza de como agir, de como ajudar.
E qual a surpresa, no dia a dia da prática médica, ao descobrir que são tão raros os momentos de certeza absoluta…
A boa Medicina se faz quando temos dúvidas, quando nos questionamos sempre sobre as escolhas e possibilidades para cada um dos pacientes. Frequentemente há mais de um caminho.
Além da prática fundamentada em evidência científica, é importante ouvir “com ouvidos de querer escutar” e enxergar “com olhos de querer ver”, individualizando o atendimento, dando suporte e acolhimento.
Minha família, particularmente meus pais, sempre estiveram muito perto, amparando emocionalmente minhas escolhas desde a época anterior ao vestibular.
Em 1993 me formei pela FMUSP, fiz residência de Clinica Médica e de Cardiologia no InCor. Depois, Especialização em Ecocardiografia.
Vieram casamento e filhas, minhas duas meninas que me ensinam diariamente a generosidade e o amor. A mais velha, quando pequenininha, chegou a esconder meu celular para que eu tivesse momentos exclusivos dela. Mas, assim como a irmã mais nova, aprendeu que meus pacientes precisam de ajuda quando telefonam.
Admiram e apoiam , dizendo “mãe, você ama o que faz”.
Panacea é fruto deste amor pelo cuidar e da amizade de médicas que objetivam promover saúde e bem estar