Pai, não preciso abrir seu coração para saber do seu amor.

Eu o reconheço na sua voz cantando para eu dormir. No “amorzinho tu” que aprendi a repetir para você. No “coinho” que pedia sempre (e você dava). Nos brinquedinhos de madeira que trazia das suas viagens. No “lig-lig-lelé-vamos-andar-na-ponta-do-pé”. No “está aí, seu lobo?” que me fazia rir de medo e de alegria. Na corrida em torno do laboratório quando eu ia tirar sangue. Na mentirinha contada para o vigia do hospital para que a gente pudesse visitar a mamãe. Na risada quando caí de cara no chão só para não soltar o dinheirinho do lanche. No orgulho quando se formou advogado. Na “tradução” do Hino Nacional. Quando plantamos o ipê lá de casa, o Silflá. Quando topou ter cachorrão mesmo morrendo de medo. Quando fazia caça ao tesouro com pistas rimadas e de duplo sentido. Quando me mandava encolher a barriga na praia para tirar fotografia. Quando viajávamos feito sardinhas em lata na Variant, cantando “Perruiba, Perruibinha, eu fai emborra e focê fica aí socinha”. Quando cantava para chamar os vagalumes. Quando levava todas as minhas amigas para os ensaios. Quando era o pai mais legal, que dava caldo na criançada, mas me punha na fila…Quando contava piada para minhas amigas e eu morria de vergonha. Quando foi me buscar anunciando que eu tinha entrado na Faculdade. Quando me esperava de pijama no meio da rua. Quando achava ruim eu me fantasiar de odalisca. Quando bancava a última de várias últimas viagens. No brilho do seu olhar quando me formei. Quando foi intervir num final de noivado. Quando fiquei noiva e casei. Quando me disse para ser o sol e não o vento. Quando escuta meus ataques sem perder a calma. Quando me protege de mim mesma, nos meus momentos de impaciência ou tristeza. No nascimento das netas e no carinho que dedica a elas. Quando reclama que não quer viajar mas vai assim mesmo. Em todos os bons, maus, grandes ou pequenos momentos da minha história. Você é um super pai. Te amo.

Dia dos pais
Dia dos pais (Family First de Stocksnap)