Retrato de um jovem fitness escondido atrás de uma balança e olhando para a câmera isolada em fundo laranja

Peso ideal e IMC (Índice de Massa Corpórea)

Quando você vai a uma consulta médica e mede sua altura e seu peso, sabe como calculamos se está com seu peso na faixa saudável?

Você já ouviu falar em IMC? Em alguma consulta médica? Em alguma publicação? É uma medida corriqueira, simples e bastante utilizada, vamos explicar um pouco sobre ela.

Será que existe peso ideal?

Um pequeno histórico do IMC

Antes de mais nada, começaremos com um pouquinho de história:

Selo em homenagem a Quetelet
Adolphe Quetelet 1796-1874

Inicialmente  em 1835, Adolphe Quetelet, um astrônomo, matemático e estatístico belga introduziu a ideia do  Índice de Quetelet. Esta formula serviria para comparar peso corporal em pessoas com diferentes alturas.

Afinal como comparar adequadamente o peso de uma pessoa de 1,60m e outra de 1,85m?

Para calcular,  você deve dividir o peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros.

Desta forma, se o seu peso é de 64 kg e sua altura é de 1,60 a conta ficaria assim:

64/ 1,6 x1,6 = 64 /2,56 = 25 kg/m2

 

Já na segunda metade do século XX Ancel Keys correlacionou este índice com  a massa de  gordura corporal. Entretanto, somente em 1980 a formula  ficou conhecido como IMC (índice de massa corpórea) ao ser recomendado como medida para estudos de risco de mortalidade  na Associação de Diretores Médicos de Companhias de Seguros de Vida nos EUA.

Por ser um método fácil e rápido para a avaliação  do estado nutricional de adultos, a divisão do peso em kg pela altura em metros elevada ao quadrado, (kg/m²) é o cálculo mais usado para avaliação da adiposidade corporal . O  índice de massa corporal (IMC) é largamente utilizado como parâmetro de risco para doenças, além de  definir sobrepeso e obesidade baseados em um critério estatístico.

 

Faixas de IMC  para adultos no Brasil

  • baixo peso – grave abaixo de 16 kg/m2 – risco muito elevado
  • baixo peso –  menor que 18,5 kg/m2 – risco de doença elevado
  • normal  – 18,5 a 24,9 kg/m2 – faixa com menor risco associado
  • sobrepeso – 25 a 29,9 kg/m2 -risco de doença pouco elevado
  • obesidade – acima de 30 risco muito elevado
    • grau 1: 30 até 34,9kg/m2
    • grau 2: de  35 a 39,9  kg/m2
    • grau 3: acima de 40kg/m2

 

Estas faixas foram estabelecidas por sua relação com aumento de gradual de risco de doenças metabólicas e mortalidade em um gráfico em forma de U, aonde  as duas pontas representam faixa de maior risco que se reduz na região central onde está a faixa considerada adequada de IMC (teoricamente faixa aonde há menor risco de doença associada). Assim sendo, cada variação de 5 pontos de IMC pode estar associado a um aumento de 30% na mortalidade.

Em outras palavras, se você tem um IMC ente 20 e 25kg/m2 a sua chance de adoecer é menor do que se você tiver acima de 25kg/m2 ou mais.

Analogamente, ter um IMC abaixo de 19 também está relacionado a um risco maior de ter uma doença.

Em síntese quanto mais afastado da faixa 20 a 25kg/2, maior a chance de ter problemas de saúde.

 

Gráficos mostrando a associação entre IMC e mortalidade por todas as causas

 

O risco  é igual para todo mundo mesmo? Existe o peso ideal?

Esta é uma pergunta que tem sido feita constantemente e cada vez mais leva a percepção das limitações do IMC.

A primeira observação é de que o uso do IMC nestes moldes deve ser restrito a adultos. Para crianças e adolescentes há uma tabela específica de acordo com a faixa de desenvolvimento etário.

A segunda, é que nem sempre o peso é formado pelas mesmas proporções de componentes do  organismo em pessoas distintas.

O IMC não reflete a distribuição da gordura corporal, muito importante na avaliação de sobrepeso e obesidade porque a gordura visceral (de acumulo intra-abdominal) é um fator de risco para a doença, independente da quantidade de gordura corporal total.

Portanto, apesar de ser rápido e prático, o IMC pode ser impreciso.

O IMC entre 20 e 25kg/m2 é mais adequado para adultos descendentes de europeus. Porém para boa parte dos asiáticos, o limite para início de impacto metabólico seria a partir de IMC 23 , ou seja, menor do que 25 de outras etnias. Para países da Ásia os pontos de corte adotados são: menos do que 18,5 kg/m2 para baixo, peso, 18,5-22,9 para peso normal com risco aceitável, ; 23-27,5 para  sobrepeso com maior risco  e >27,5 para alto risco.

Do mesmo modo, em pessoas com mais de 70 anos, uma menor mortalidade  foi observada na faixa do sobrepeso e obesidade grau I do que na faixa entre 20 e 25kg/m2 de IMC. O Ministério da Saúde no Brasil indica que no idoso (com 60 anos ou mais),o IMC normal varia de >22 a <27 kg/m² pela diminuição de massa magra e maior risco de sarcopenia.

Há outras considerações ainda, como por exemplo, uma pessoa com massa muscular maior, pode estar acima do peso e mesmo assim não ter obesidade, porque a obesidade se refere a excesso de massa de gordura corporal  e não ao peso total. Desta forma um fisiculturista que tem o IMC  alto e ainda assim pode não ter obesidade, pois apesar do seu índice ser alto, é principalmente devido ao peso maior da massa muscular e não de gordura corporal.

Por outro lado, pessoas com IMC na faixa normal podem estar com “obesidade’ se você considerar o impacto  metabólico e quantidade de massa gordurosa. São pessoas com pouca massa muscular, resistência a insulina ou diabetes, hipertensão , dislipidemias, esteatose hepática apesar do IMC na faixa normal.

São as pessoas “metabolicamente com obesidade” apesar do IMC normal

Muito além do IMC e do peso ideal

O peso é uma somatória de pesos de órgãos, tecidos , de vários componentes corporais e cada um deles tem sua própria regulação interna e geneticamente determinada.

A quantidade de  água é regulada por hormônios e  pelos rins, o apetite tem um controle bastante complexo, os ossos dependem de hormônios, vitamina D e cálcio além da atividade física que a pessoa fez ao longo da vida, a massa muscular recebe influência de vários hormônios diferentes, do  gênero, quantidade de atividade física e da dieta…

Portanto o peso saudável de um é diferente do outro, inegavelmente é uma relação complexa de tipos de diferentes de medidas, proporções e correlatos, juntamente com a  questão genética e ambiental .

Para uma avaliação mais precisa podemos também utilizar a estimativa da composição corporal pela somatória de medidas de pregas cutâneas, medida da circunferência abdominal ultrassonografia, análise de bioimpedância, entre tantos outros além do  IMC.

Estes exames podem ser realizadas com a nutricionista e  seu médico. Procure saber mais sobre sua saúde com eles.

E lembre-se: saúde não se mede só em quilogramas!

 

 

 

peças de xadrez em madeiras de cores e tamanhos diferentes simbolizando a diversidade que existe entre nós
Diversidade

 

Abaixo um link para a calculadora de IMC  do site da ABESO ( Associação Brasileira para o estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica)

calculadora de IMC 

para saber mais:

como calcular o IMC?

Mais sobre IMC:

Revista Saude: Como calcular IMC. Entenda para que serve este indice com Adriano Segal

 

 

 

Referências bibliográficas:

1.Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2016 4a. edição ABESO

2. Müller MJ, Braun W, Enderle J, Bosy-Westphal A. Beyond BMI: Conceptual Issues Related to Overweight and Obese Patients. Obes Facts. 2016;9(3):193-205. doi: 10.1159/000445380. Epub 2016 Jun 10.

3. Bharkaran,K et cols,   Association of BMI with overall and cause-specific mortality: a population-based cohort study of 3·6 million adults in the UK The Lancet Diabetes Endoc 2018 vol 6 : 12, P944-953, DEC 01, 2018