Minha pressão está alta. E agora?

No consultório, pressão alta (hipertensão arterial sistêmica) é assunto importante e frequente que traz dúvidas desde o diagnóstico inicial.

  • “Como posso ter pressão alta se não sinto nada?”
  • “Posso ter problemas secundários à elevação da pressão?”
  • “Quais as consequências do tratamento?”
  • “Tem alguma mudança de hábito capaz de ajudar?”
  • “O que eu posso fazer?”
  • “Tomarei remédio para sempre?”

 

O que é Hipertensão? 

Esfigmomanômetro manual para medir a pressÃo arterial dos pacientes

Hipertensão arterial é uma doença caracterizada pela elevação persistente da pressão arterial, medida com a técnica correta em pelo menos duas ocasiões diferentes. Também, é uma condição que coloca em risco o coração, o cérebro, os rins, a circulação e a visão. Geralmente não causa sintomas e, mesmo assim, pode ser grave.

A Organização Mundial da Saúde estima que 600 milhões de pessoas tenham hipertensão. Atualmente, no Brasil, estima-se que a doença atinja cerca de 23,9% da população de 18 anos ou mais.

Hipertensão arterial primária

Hipertensão arterial primária (anteriormente chamada de “essencial”), embora não totalmente esclarecida, é o resultado de inúmeros fatores genéticos e ambientais que influenciam o sistema cardiovascular e os rins:

  1. idade: idade avançada está associada ao aumento de pressão
  2. obesidade: o ganho de peso é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão
  3. etnia: a hipertensão acontece precocemente, é mais severa e com mais lesão de órgãos em pessoas afrodescendentes
  4. história familiar: a hipertensão é duas vezes mais comum em pacientes com pai e/ou mãe hipertensos
  5. dieta com alto teor de sódio (sal): a ingestão de mais de 3g/dia de cloreto de sódio (sal de cozinha) aumenta o risco de hipertensão
  6. excesso de consumo de álcool: o excesso de ingestão de álcool está associado ao desenvolvimento da hipertensão. Portanto, sua restrição diminui a pressão naqueles que consumem muito.
  7. sedentarismo: a inatividade física aumenta o risco de hipertensão. Então, o  exercício é um meio efetivo para o controle da pressão arterial

Pressão sistólica e diastólica

Pressão sistólica é aquela pressão no interior das artérias quando o coração está contraindo. Do mesmo modo, a pressão diastólica é a que ocorre no interior das artérias quando o coração está relaxado.

Veja este vídeo explicativo:

 

Classificação:

Segundo as diretrizes de 2017 da American College of Cardiology/American Heart Association, a pressão arterial pode ser classificada:

  • Pressão arterial normal – Pressão sistólica <120mmHg e diastólica <80mmHg
  • Pressão arterial elevada (pré-hipertensão): Pressão sistólica de 120 a 129mmHg e diastólica <80mmHg
  • Hipertensão:
    • Estágio 1: sistólica de 130 a 139mmHg ou diastólica de 80 a 89mmHg
    • Estágio 2: sistólica de pelo menos 140mmHg ou diastólica de pelo menos 90mmhg

 

E a Hipertensão do jaleco branco?

A hipertensão do jaleco branco é definida como pressão persistentemente elevada no consultório (porém sempre abaixo de 180 e 120mmHg, para sistólica e diastólica respectivamente), mas sem critérios de hipertensão em medidas fora do consultório.

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Emergência hipertensiva: o que é e quais são os sintomas?

Antes de tudo, a emergência hipertensiva é uma condição séria que coloca risco à vida. Ocorre quando a pressão fica muito mais alta do que o normal, geralmente 180×120 ou mais. Afinal, pode gerar lesão para os órgãos como olhos, cérebro, coração e rins.

Sintomas:

  • dor de cabeça
  • visão borrada ou outras alterações visuais
  • náusea ou vômito
  • confusão mental
  • convulsões
  • fraqueza em um lado do corpo, ou em um braço ou perna
  • dificuldade para falar
  • dificuldade para respirar
  • dor no peito
  • urina com sangue

Então, neste caso, procure socorro médico imediatamente.

Recomendações importantes

Estar com a pressão elevada não significa ser hipertenso, mas é um sinal de alerta que exigirá novas medições de pressão, tanto no consultório, quanto em casa.

Além disso, nem  todos os hipertensos precisarão de remédio para controlar a pressão, mas todos podem e devem mudar alguns hábitos:

  • praticar atividade física (pelo menos 30 minutos por dia, o máximo de dias da semana que puder)
  • diminuir o consumo de álcool
  • evitar produtos industrializados
  • diminuir a ingestão de sal
  • perder peso se estiver acima do ideal
  • diminuir o estresse
  • dormir bem

Se o seu médico prescreveu remédio, tome regularmente e não suspenda por conta própria! Acima de tudo, procure seguir a prescrição e entre em contato se tiver dúvida.

Avise seu médico se tiver qualquer efeito colateral ou indesejado para que ele possa fazer o ajuste de dose ou trocar a medicação, se for o caso.

Se o custo do tratamento for um problema, converse também. Da mesma forma, existem várias opções de remédios com preços diferentes.

Enfim, a parceria médico-paciente é fundamental para o sucesso do tratamento!

mulher jovem asiática alongando-se antes de fazer yoga
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Referências:

 

2017 ACC/AHA/AAPA/ABC/ACPM/AGS/APhA/ASH/ASPC/NMA/PCNA Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines.

Whelton PK, Carey RM, Aronow WS, Casey DE Jr, Collins KJ, Dennison Himmelfarb C, DePalma SM, Gidding S, Jamerson KA, Jones DW, MacLaughlin EJ, Muntner P, Ovbiagele B, Smith SC Jr, Spencer CC, Stafford RS, Taler SJ, Thomas RJ, Williams KA Sr, Williamson JD, Wright JT Jr

Hypertension. 2018;71(6):e13. Epub 2017 Nov 13