ondas turbulentas em preto e branco, dramaticas

 

É normal ter memórias perturbadoras, sentir-se nervoso ou ter problemas para dormir após um evento traumático.

No início, pode ser difícil manter as suas atividades habituais, como ir para o trabalho,  à escola ou mesmo permanecer na companhia de quem você gosta. A melhora em geral começa só após algumas semanas.

Para algumas pessoas, porém, estes sintomas  podem não remitir ou então começar mais tarde ou ainda  podem ir e vir com o tempo ao invés de desaparecerem.

 

O que é trauma? 

De acordo com o Manual de Diagnóstico da Associação Americana de Psiquiatria, o trauma é definido como exposição à morte ou ameaça importante a vida, lesão grave ou violência sexual. Pode acontecer de formas variadas:

  1. Vivenciando diretamente como vítima ou testemunhando a ameaça.
  2. Tomando conhecimento de evento que ocorreu com um familiar próximo ou um amigo próximo.
  3. Experimentando exposição repetida ou intensa a detalhes perturbadores do evento traumático como no caso de profissionais de saúde , serviço social e policiais.

Os exemplos mais conhecidos são os desastres naturais como enchentes, desabamentos e terremotos, guerras, violência urbana, estupro, agressão física, roubo, acidentes e tortura.

 

Todos passam por experiências traumática na vida?

A maioria das pessoas  (89.7%) passa por eventos traumáticos em suas vidas.

Entre os traumas mais citados entre os brasileiros estão testemunhar alguém sendo ferido ou morto, ou ver um cadáver inesperadamente ( 35,7%) e ser assaltado ou ameaçado por arma ( 34%).

Todavia, nem todos vão ter Transtorno do Estresse Pôs Traumático, TEPT .

Em São Paulo, estudo publicado em no Journal of Psychiatric Research revela que na Região Metropolitana de São Paulo 1,6% da população diz ter sofrido de estresse pós-traumático nos últimos 12 meses e 3,2% já vivenciaram o problema ao longo da vida.

Os eventos mais comuns antes do início do TEPT foram “morte súbita e inesperada de um ente querido” (34,0%), “violência interpessoal” (31,0%) e “ameaças à integridade física de outras pessoas” (25,0%).

Vale ressaltar que os casos subsindrômicos, ou seja, aqueles que não preenchem todos os critérios propostos, apesar de incompletos, também podem ser bastante  disfuncionais e causar sofrimento. Estes estão presentes na população em maior quantidade, não devem ser deixados sem acompanhamento também.

 

Como saber se tenho TEPT?

As pessoas com TEPT relatam vários destes sintomas há pelo menos um mês:

  1. Memórias recorrentes, angustiantes e intrusivas do evento traumático                                                                  olhar angustiado de pessoa que sofreu um trauma
  2. Pesadelos recorrentes relacionados ao evento  e flashbacks

  3. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado diante de qualquer lembrança do evento.

  4. Esquiva persistente de locais, pessoas, situações e até pensamentos que de alguma forma remetam ao ocorrido, inclusive e postergando a procura por ajuda pelo receio de voltar a ter que falar sobre o assunto.

  5. Alterações negativas nas cognições e no humor, se culpando por não ter conseguido evitar o talvez inevitável, vergonha de não ter conseguido resolver

  6. Distanciamento afetivo, entorpecimento, assim como  dificuldade  em sentir-se feliz com fatos positivos.

  7. Comportamento irritável e explosões de raiva tanto quanto comportamentos de risco e ou autodestrutivo.

  8. Hipervigilância e hiper-reatividade.  Dificuldade em se concentrar, sono agitado ou dificuldade para iniciar o sono.

 

Tem tratamento?

Antes de iniciar o tratamento para PTSD, é importante fazer uma minuciosa avaliação  dos seus sintomas para garantir que o tratamento seja adaptado às suas necessidades individuais. As terapias focais, cognitivo comportamentais são as mais utilizadas.

As medicações podem ser bastante úteis, sobretudo quando há quadros subjacentes de ansiedade e depressão.

Para isso, não deixe de procurar ajuda profissional adequada. Muitas vezes há o receio de ter que falar sobre o fato, porém há um respeito ao modo de cada indivíduo no enfrentamento de cada questão, e todos os aspectos devem ser levados em consideração.


Refererências

 

1 . Coêlho BM, Santana GL, de Souza Dantas H, Viana MC, Andrade LH, Wang YP. Correlates and prevalence of post-traumatic stress disorders in the São Paulo metropolitan area, Brazil. J Psychiatr Res. 2022 Dec;156:168-176. doi: 10.1016/j.jpsychires.2022.09.047. Epub 2022 Oct 4. PMID: 36252346.,

2.American Psychiatric Association. (2022). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed., text rev.)