mulher adulta
O estilo de vida pode ser a chave para a prevenção da osteoporose.

Vamos ganhar resistência nos ossos? Previna a osteoporose! Essa condição pode ser grave. Hoje com a expectativa de vida no Brasil de 76 anos, uma mulher viverá mais de 25 anos após a sua menopausa com grandes chances de desenvolver osteoporose.

Um terço da vida das mulheres é no período pós menopausa Old mother photo created by katemangostar – www.freepik.com

A osteoporose expõe o paciente ao risco de fraturas de fragilidade com consequente redução da qualidade de vida, e também a maior risco de morte, pois a osteoporose contribui para 5% da mortalidade geral.

O que é osteoporose?

A osteoporose é uma condição crônica caracterizada pela desmineralização dos ossos, modificando sua arquitetura, reduzindo sua resistência, causando maior risco de fraturas espontâneas.

O osso é dinâmico

O osso é um tecido vivo e dinâmico, sofre alterações fisiológicas durante a vida normal de uma pessoa, e também pode sofrer processos patológicos.

Embora seja uma condição bastante comum, a osteoporose costuma ser negligenciada e estima-se que 80% dos adultos não fazem a prevenção correta.

Quem são as pessoas em risco de fraturas por osteoporose?

As mulheres idosas são as principais vítimas da osteoporose. A prevenção deve começar 20 anos antes.Old woman photo created by pressfoto – www.freepik.com

Principalmente as mulheres com mais de 50 anos, no período pós menopausa.

Pessoas idosas ou que já apresentaram uma fratura por fragilidade, e aquelas que fizeram uso de corticoesteróides por mais de 30 dias no ano também estão expostas a maior risco.

Por que as mulheres tem maior risco de osteoporose?

A expectativa de vida tem aumentado no mundo. E como a idade madura tem se prolongado, cerca de 1/3 do tempo de vida de uma mulher é no seu período pós menopausa. Neste período, a falta dos hormônios femininos determina maior reabsorção do cálcio nos ossos. Essa reabsorção se inicia no ano que precede o fim das menstruações e se acelera por cerca de 3 anos, e a partir daí a perda óssea embora continue, é mais lenta. Na média, as mulheres perdem 10% da densidade mineral óssea nos anos de transição da menopausa.

Quando se faz o diagnóstico de osteoporose?

O diagnóstico de osteoporose é feito quando há fratura por fragilidade ou quando a densidade mineral óssea é menor que 2,5 vezes o desvio padrão da densidade de uma mulher jovem no pico da mineralização.

A densitometria óssea…o que é?

É um exame realizado com raios X que identifica a quantidade de cálcio presente nos ossos.

A idade, o peso corporal, o histórico de fraturas anteriores, o histórico familiar de fraturas osteoporóticas e condições relativas ao estilo de vida – tais como tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas – são todas condições que podem levar a alteração da densidade mineral óssea.  A coluna lombar e o quadril são os pontos normalmente examinados pelo escaneamento.

Quando fazer o exame?

A densitometria óssea é usada como screening para mulheres após os 65 anos. Antes disso, para situações clínicas particulares, a densitometria também pode ser indicada.

Indicações habituais da densitometria óssea:

  •  mulher pós-menopausa que não faz uso de suplementos para estrogênio;
  •  mulher que tenha baixa estatura e menos de 56 quilos;
  • histórico pessoal ou familiar de osteoporose ou fratura de quadril;
  •  homem com condições clínicas associadas à perda óssea, tais como artrite reumatóide, doença renal crônica ou hepática;
  • usa medicamentos à base de corticoide, anticonvulsivos, barbitúricos ou medicamentos de reposição da tireóide em altas doses;
  • tem diabetes tipo 1, doença hepática ou doença renal;
  • tem problema de tireóide ou paratireóide;
  • fratura após um trauma leve;
  • idoso com fortes dores nas costas;
  • evidência de rarefação óssea em radiografia simples.

Calculadoras de risco e prevenção

Existem algumas calculadoras risco para osteoporose que podem estratificar o risco, a FRAX, por exemplo(heffield.ac.uk/FRAX/tool.aspx). O médico que acompanha a mulher pode decidir o risco individual da paciente e a necessidade de realizar ou não a densitometria.

Uma vez que um paciente é diagnosticado com osteoporose, ele terá maior risco de fraturas pelo resto de sua vida, mesmo que sua densitometria melhore com o tratamento, de modo semelhante a quem tem diabetes.

Prevenção e tratamento: Higea e Panacea

Exercício e força: ganhe resistência! 1-2-3: GO!!! Não perca tempo: treine!

O exercício físico é importante ao longo de toda a vida, mas no período do climatério e da menopausa é importante tanto na prevenção como no tratamento da osteoporose. O impacto gerado nos exercícios é estímulo para a absorção de cálcio e sua fixação pela tecido ósseo.

O tônus muscular e o equilíbrio são importantes para a prevenção de quedas, sendo os exercícios de resistência uma parte essencial do tratamento de prevenção às fraturas patológicas.

Suplementação de Cálcio e vitamina D: prevenção e tratamento

A vitamina D é um assunto bastante controvertido. A pele produz vitamina D quando exposta a luz solar. Não há consenso sobre o quanto a reposição da vitamina D pode ajudar a evitar as fraturas patológicas. Pode ser necessária especialmente em países onde as pessoas tomem pouco sol, numa dose de 600-800 UI/dia. Altas doses devem ser evitadas sob o risco de aumentarem os riscos de fratura. A reposição de cálcio e vitamina D em altas doses já se comprovou aumentar as chances de cálculo renal.

A força pela comida: o pão nosso de cada dia na luta contra a osteoporose

Você é o que você come. Escolha alimentos saudáveis e equilibrados para sua dieta. Evite radicalismos e dietas muitos exclusivas. A prevenção é um esforço e uma escolha diária. O cálcio está presente em alimentos como leite e derivados, amêndoas, castanhas do Pará e nozes, em ostras, em grãos como feijão e grão de bico, em espinafre cozido, em acelga… No entanto, especialmente para idosos, muitas vezes é necessária uma suplementação para se obter a quantidade necessária para a reposição do mineral nos ossos.

Uma dieta com 1000-1200mg de cálcio é indicada para reposição do mineral ósseo.  A suplementação com cálcio tem na literatura médica resultados inconclusivos, e alguns estudos mostraram que pode aumentar o risco cardiovascular e de demência. Pode mesmo ter efeitos neuróticos nos neurônios susceptíveis e amplificar o efeito das isquemias neurais. Alguns trabalhos mostraram risco 5 a 7 vezes maior de demência em idosos com doença cérebro-vascular em uso de suplementação de cálcio em altas doses.

Veja o vídeo abaixo para uma divertida explicação sobre o metabolismo ósseo:

O ambiente pode ajudar na prevenção…

É importante minimizar os riscos ambientais para queda com corrimãos nas escadas, retirada de tapetes, pisos antiderrapantes, bancos nos chuveiros.

Remédios são necessários? Tratamento ou prevenção da osteoporose?

Para as mulheres que tenham osteoporose ou já que tenham apresentado fraturas espontâneas, há necessidade de tratamento com medicações que estimulam a formação do osso, seguida de medicações que impeçam a absorção dos componentes minerais dos ossos. A continuidade do tratamento é importante, pois o osso gerado pode ser rapidamente reabsorvido por ocasião da interrupção abrupta do tratamento.

A prevenção da osteoporose já deve começar no climatério. Antes da mulher desenvolver a osteoporose, aos 50 perto da menopausa, a reposição com estrógenos pode estar indicada como prevenção da reabsorção óssea.

Entre os 50 e os 60 anos, a prevenção da osteoporose deve ser o estilo de vida associado a reposição hormonal, quando esta não estiver contraindicada.

O oestrogênio é uma droga indutora da síntese óssea e inibidora da reabsorção. A reposição hormonal deve ser individualizada, mas há consenso de que quando pode ser utilizada tem ganhos na qualidade de vida, redução de até 40% das fraturas por desmineralização óssea, menos depressão, menor intensidade de fogachos, menos problemas gênito-urinários próprios da menopausa e menos problemas cardiovasculares.

Após os 60 anos, pode haver necessidade de medicações específicas, em especial o bifosfonato. O uso de hormonioterapia sempre deve ser feito com rigoroso acompanhamento médico, pois pode predispor a câncer de mama, entre outros efeitos adversos.

O tratamento antiabsortivo do cálcio ósseo deve ser seguido vigilantemente pelo médico do paciente, pois pausas abruptas da medicação (drug Holiday) pode gerar osteonecrose da mandíbula, uma séria complicação com perda óssea, e fratura atípica do fêmur.

Ganhe resistência e previna  a osteoporose

Vamos incentivar um estilo de vida ativo, saudável e nos lembrar de fazer corretamente e prevenção desta condição que pode ser bastante incapacitante e contribuir para uma morte mais precoce. Aumente a resistência de seus ossos e previna a osteoporose. Mulheres de todas as idades procurem seu ginecologista para melhor orientação.

Para saber mais:

1.Singapore Med J 2021; 62(4): 159-166
https://doi.org10.11622/smedj.202103

2.Neurology® 2016;87:1–7
GLOSSARY

3Endocrinol Metab 2021;36:544-552
https://doi.org/10.3803/EnM.2021.301
pISSN 2093-596X · eISSN 2093-5978