rainha de copas

“Não tenho tempo algum, ser feliz me consome.”

Adelia Prado

Menopausa e coração: o que é preciso saber

A menopausa é caracterizada pelo fim da menstruação, que ocorre pelo esgotamento da reserva de folículos ovarianos. Estes deixam de produzir os principais hormônios femininos. Um deles, o estrogênio, é tido como aliado do coração.

Neste estágio de vida, geralmente em torno dos 50 anos, o risco de doença cardiovascular acelera e torna-se a principal causa de morte em mulheres. Porém, nem todas as mulheres têm conhecimento desse aumento do risco de morte por infarto ou AVC.

O climatério, ou período de transição para a menopausa, começa em geral dois anos antes do último ciclo menstrual e dura até um ano após. Os sintomas desta fase incluem:

  • ondas de calor ou “fogachos” – consideradas sintomas vasomotores, estão associadas a maior risco cardiovascular
  • distúrbios do sono – ligados a maior risco de doença cardiovascular subclínica e pior saúde cardiovascular
  • palpitações – podem estar associadas ao estresse, mas podem indicar algum problema no coração
  • secura vaginal – ocorre pela diminuição do estrogênio

 

A menopausa precoce é pior para o coração?

A menopausa precoce é aquela que ocorre antes dos 40 anos de idade. Ela reflete insuficiência ovariana primária, com diminuição da produção de estrogênio.

Quanto mais precoce, maior o risco de doença cardiovascular.

O que a menopausa traz ao coração?

Com a diminuição da produção de estrogênio, além das conhecidas “ondas de calor”, também ocorrem alterações metabólicas que gerarão aumento do risco de doenças  cardiovasculares:

  • aumento do LDL colesterol (o colesterol ruim)
  • queda e/ou piora na qualidade do HDL colesterol (o colesterol bom)
  • aumento da apolipoproteina B (outro tipo de gordura relacionada ao aumento de risco cardiovascular)
  • aumento da gordura central e visceral
  • diminuição da massa magra

Com o aumento da idade cronológica, também podem ocorrer: elevação da pressão arterial e surgimento do diabetes.

Para diminuir as chances de eventos cardiovasculares como infartos, derrames e embolias, existem 7 dicas:

  1. Parar de fumar
  2. Comer melhor, evitando doces e alimentos industrializados
  3. Fazer exercícios regularmente
  4. Perder ou controlar o peso
  5. Controlar a pressão arterial
  6. Controlar o colesterol
  7. Controlar o Diabetes

A doença cardiovascular não é causada apenas pela redução acentuada dos hormônios ovarianos,  mas pelas alterações metabólicas desta etapa da vida. Afinal, juntas podem aumentar as chances de problemas cardíacos.

E a reposição hormonal?

A reposição hormonal é ainda o mais efetivo tratamento para os sintomas vasomotores, como as ondas de calor. Melhora a secura vaginal causada pela atrofia da mucosa gerada pela falta do estrogênio.

Em 2002, os achados do Women’s Health Initiative demonstraram:

  • Elevado risco de eventos cardiovasculares e câncer de mama com reposição de estrogênio e progesterona 
  • Reposição com estrogênio, sem progesterona – menor risco para câncer de mama que a terapia combinada
  • Ambos os tipos de reposição aumentaram  risco de trombose venosa e embolia de pulmão

Potenciais benefícios do estrogênio:

  1. Melhora do perfil lipidico
  2. Melhora da função do endotélio, as células de revestimento dos vasos sanguíneos
  3. Melhora a sensibilidade à insulina.

E os efeitos adversos?

  1. Aumento dos triglicérides
  2. Aumento de tromboses

 

Assista aqui os comentários sobre a reposição hormonal:

A terapia de reposição hormonal deve ser discutida sempre com seu médico, de modo individualizado.

Afinal, este é o momento da vida da mulher que exige maior cuidado com o coração e com seu corpo. Cuide-se! Vale a pena!

consulta da mulher com seu cardiologista

 

Referências:

Collaborative Group on Hormone Factors in Breast Cancer. Type and timing of menopausal hormone therapy and breast cancer risk: individual participant meta-analysis of worlldwide epidemiological evidence. Lancet 2019; 394-:1159

Association of premature natural and surgical menopause with incident cardiovascular disease. JAMA 2019;322(24):2411-2421