Alimentos funcionais

Os alimentos funcionais apresentam benefícios adicionais à saúde, além de serem altamente nutritivos. Assim, são essencialmente as frutas e os vegetais, as sementes e os grãos, alguns alimentos de origem animal, bem como os alimentos enriquecidos com vitaminas, minerais, as fibras e os probióticos.

Não é uma ideia recente aquela que diz que a comida pode ter benefícios terapêuticos. A frase “Deixe que o alimento seja seu remédio e que o remédio seja o alimento” foi atribuída a Hipócrates, o pai da Medicina, há 2500 anos.

Porém, o conceito de alimentos funcionais originou-se no Japão, na década de 80, quando as agências governamentais estimularam o consumo de alimentos com benefícios comprovados à saúde. Assim, este conceito rapidamente se espalhou para outros mercados consumidores. Recentemente, ganhou popularidade nos círculos de saúde e bem-estar.

Existem duas categorias de alimentos funcionais:

  • Alimentos convencionais: são aqueles alimentos naturalmente ricos em vitaminas, minerais, antioxidantes e gorduras saudáveis.
  •  Alimentos modificados: alimentos que foram fortificados com ingredientes adicionais para aumentar seu poder nutritivo ou benefício à saúde.
Você é aquilo que come
foto de Nathan Dumlao, de Unsplash

“Todos os homens se nutrem, mas poucos sabem distinguir os sabores”

Confúcio – filósofo chinês

De acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (www.hhs.gov), a dieta tem um peso de 5 a 10% nas principais doenças causadoras de morte, por exemplo:

  • doença coronariana
  • certos tipos de câncer
  • acidente vascular cerebral
  • diabetes tipo 2
  • aterosclerose

O padrão alimentar relacionado às maiores causas de morte nos EUA e em outros países desenvolvidos é rico em gordura total e saturada, colesterol, sódio e açúcar refinado, mas é relativamente pobre em gordura insaturada, grãos, legumes, frutas e vegetais.

Exemplos de alimentos funcionais

Alimentos convencionais:

  • soja: melhora os sintomas da menopausa, reduz o LDL-colesterol e o colesterol total. O consumo de 25g/dia tem fortes evidências deste benefício
  • gengibre: tem ação contra náuseas e vômitos
  • óleos de peixe contendo ácidos graxos ômega 3, como o ácido eicosapentaenóico (EPA) e o docosahexaenóico (DHA) para a redução do risco cardiovascular. No entanto, no último congresso do Colégio Americano de Cardiologia, em maio de 2021, a publicação de novo estudo não mostrou tal benefício, mas até aumento do risco de fibrilação atrial com o consumo destes alimentos.
  • aveia integral: rica em betaglucanos, um tipo de fibra também relacionada à redução do risco cardiovascular
  • cafeína: aumenta os níveis de atenção e pode evitar o acúmulo de gordura no fígado, além de diminuir o risco de câncer hepático

Alimentos modificados:

  • cereais matinais acrescidos de vitaminas e ferro
  • leite e derivados com vitaminas, como a vitamina D, o ácido fólico e o Cálcio. Por exemplo, o ácido fólico reduz a chance de malformações do tubo neural do feto quando consumido pela gestante. O Cálcio e a vitamina D diminuem a perda de massa óssea, ou a osteoporose.
  • farinhas fortificadas com ferro. Por exemplo, no Jordão, adicionar ferro à farinha de trigo reduziu em 50% as taxas de anemia entre crianças.
  • iodo no sal de cozinha: previne o bócio, ou o aumento da tiroide, endêmico no Brasil
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Alimentos funcionais devem fazer parte de bons hábitos alimentares. Foto de Foodie Girl de StockSnap

Potenciais benefícios e segurança

Os alimentos funcionais estão associados a vários potenciais benefícios, por exemplo:

  • prevenção de deficiências nutricionais
  • diminuição do risco cardiovascular
  • promoção de desenvolvimento e crescimento adequados

Qualquer benefício atribuído aos alimentos funcionais deve ser baseado em critérios científicos, incluindo rigorosos estudos de segurança e eficácia. A interação com outros componentes da dieta e seus possíveis efeitos adversos devem ser claramente comunicados.

É importante lembrar que os alimentos funcionais não são mágicos como também não existem alimentos bons ou maus. Há, sim, o bom e o mau hábito alimentar.

Então, bons hábitos alimentares, associados a prática regular de exercícios físicos, suspensão do tabaco, redução do estresse e controle do peso devem fazer parte do estilo de vida saudável. Neste contexto, os alimentos funcionais passam a ser uma estratégia efetiva para diminuir riscos e aumentar a saúde.

Coma bem! Viva melhor!

Para saber mais sobre alimentação saudável:

Dr. Carlos Augusto Monteiro é médico, professor titular da faculdade de Saúde Pública da USP, especialista em nutrição humana.

Referências:

  1. Arai, S. (1996) Studies on functional foods in Japan – state of the art. Biosci. Biotechnol. Biochem. 60:09-15
  2. Hasler, C. (2002) Functional Foods: Benefits, Concerns and Challenges – A Position Paper from the American Council on Science and Health. The J. of Nutrition. 132(12):3772-3781
  3. BVS – Ministério da Saúde – Dicas em Saúde (saude.gov.br)
  4. https://www.medscape.com/viewcollection/35833