cancer colorretal prevenção com sangue oculto e colonoscopia

Rastreamento do câncer de colorretal e a importância de fazer o exame de colonoscopia

O câncer de intestino, ou câncer colorretal (CCR) é uma das principais causas de morte no mundo. Mas é possível evitar ou prevenir maiores problemas de saúde. Por este motivo, a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed) e a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) estão empenhadas na Campanha Nacional de Conscientização sobre o Câncer Colorretal (CCR). E para falar sobre o tema, Panacea traz um grande especialista no assunto, o Professor Doutor Marcelo Averbach.

 

Prof Dr Marcelo Averbach, ,coloproctologista, colonoscopista
Dr Marcelo Averbach é Cirurgião e Colonoscopista do Hospital Sírio Libanês – SP. Livre Docente pela Faculdade de Medicina da USP e Docente do Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa, é também Fundador da ONG Zoé.

Qual a possibilidade de uma pessoa ter câncer colorretal?

A Sociedade Americana de Câncer estima em mais de 150.000 casos novos do CCR nos Estados Unidos em 2022. E a chance de um indivíduo desenvolver esta doença durante a vida é de cerca de 4%.

Também no Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou para o ano de 2020, 20.520 casos novos do CCR em homens e 20.470 em mulheres o que corresponde a um risco de aproximadamente 19 por 100.000 tanto na população feminina quanto na masculina.

Considerando esses números, no Brasil o CCR é o segundo tipo de câncer mais frequente em mulheres e homens, excluindo-se os casos de tumores de pele não melanoma. (INCA 2020).

Infelizmente, é previsto, no Brasil, uma elevação nas taxas de mortalidade relacionadas ao CCR até o ano de 2025, principalmente pelo envelhecimento da população. E esta tendência deverá ser mais pronunciada nas regiões menos desenvolvidas como Norte, Nordeste e Centro Oeste.

 

Como é a sobrevida de quem tem de câncer colorretal?

Depende muito do estágio em que a doença é diagnosticada. Ou seja, se a doença está apenas na parede do intestino, a sobrevida é de 90%. Mas naqueles em que a doença já tomou os gânglios, a sobrevida é de cerca de 70%. E cai para para 10% quando a doença avança para outros órgãos. Mas, apesar do conhecimento da importância do diagnóstico precoce, cerca de 85% dos casos são diagnosticados em fase avançada.

 

Como fazer para se diagnosticar o câncer colorretal em uma fase inicial?

Para se fazer o diagnóstico nas fases mais iniciais, o exame de pessoas sem sintomas tem importante papel. Isto é o rastreamento, que é definido como a busca de doença em pessoas assintomáticas com a finalidade de se diagnosticar alterações pré-malignas ou o câncer ainda em fase inicial cujo tratamento possui melhores resultados.

O modo como o câncer de intestino evolui oferece a oportunidade da detecção precoce e da prevenção. Isso porque a maioria dos casos de CCR começa como pólipos benignos. Com o tempo, eles apresentam sinais de que tendem a se tornar malignos. Assim, quando encontramos essas lesões e as tratamos, podemos interromper a história natural de possível progressão para o câncer.

O rastreamento pode ser feito com pesquisa de sangue nas fezes e colonoscopia.

Como é feita uma colonoscopia?

A colonoscopia é o exame endoscópico do intestino grosso. Ela é realizada através de aparelhos que são introduzidos através do reto e permitem a avaliação minuciosa de todo o cólon. Para isso, o ideal é que o intestino esteja totalmente limpo, sem resíduos de fezes. E essa limpeza é feita com líquidos que são ingeridos por boca ou, em alguns casos, através de lavagens intestinais.

Além disso, é importante destacar: como o paciente é sedado, o exame não causa dor ou desconforto.

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A colonoscopia permite visualizar todo o intestino grosso, detectar e retirar pólipos que podem ser pré-malignos ou malignos. Dessa forma, evita o câncer colorretal.

É possível realizar tratamento através da colonoscopia?

Sim, a maioria dos pólipos encontrados durante a colonoscopia podem ser retirados imediatamente, durante o exame.  Desta forma, evita-se o aparecimento do câncer. Assim, além de fazer o diagnóstico precoce do câncer, consegue-se reduzir mais de 50% a mortalidade relacionada a esta doença. (Zauber et al., 2012)

Quais sintomas devem ser valorizados e levar a pessoa a procurar um médico especialista?

A colonoscopia é fundamental em pessoas que apresentam sintomas como:

  • diarreia,
  • alteração do hábito intestinal,
  • alternância de diarreia e intestino preso,
  • sangue nas fezes,
  • emagrecimento,
  • fraqueza e anemia,
  • idade a partir dos 45 anos, principalmente quando existe um histórico familiar de câncer.

Quais os benefícios do rastreamento do câncer colorretal?

Os benefícios do rastreamento do CCR já são reconhecidos há quatro décadas pela American Cancer Society. Inicialmente, os programas de prevenção costumam recomendar a pesquisa de sangue oculto nas fezes. E seguem com colonoscopia em pacientes na faixa etária de 50 a 75 anos. O rastreamento reduz a incidência do CCR em 47% a 72%.

Portanto, o rastreamento de fato evita os casos de doença avançada, bem como protege do surgimento de novos casos de CCR. Como vimos, efetivamente, é possível evitar muitas mortes por câncer de intestino.

Conheça também a ONG Zoé, comprometida com a Campanha Março Azul

Referências Bibliográficas

  1. American Cancer Society. Cancer facts & figures 2014-2016.
  2. NHI – National Institute Cancer. Cancer Stat Facts: Colon and Rectum Cancer.
  3. INCA 2020 – https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil
  4. Souza DL, Jerez-Roig J, Cabral FJ, de Lima JR, Rutalira MK, Costa JA. Colorectal cancer mortality in Brazil: predictions until the year 2025 and cancer control implications. Dis Colon Rectum. 2014;57:1082.
  5. Ries L Melbert D, Krapcho M, Mariotto A, Miller BA, Feuer EJ, Clegg L, Horner MJ, Howlader N, Eisner MP, Reichman M, Edwards BK (eds). SEER cancer statistics review, 1975-2004. Bethesda, MD: National Cancer Institute, 2007.
  6. Averbach M, Borges JLA. Diagnóstico do câncer colorretal. In: Lopes A, Rossi BM, Nakagawa WT, Ferreira FO, Aguiar Júnior S. Câncer de cólon, reto e ânus. São Paulo: Lemar & Tecmedd, 2005. p. 63-76.
  7. Choi Y, Sateia HF, Peairs KS, Stewart RW. Screening for colorectal cancer. Semin Oncol. 2017;44:34.
  8. Lieberman D, Ladabaum U, Cruz-Correa M, Ginsburg C, Inadomi JM, Kim LS, Giardiello FM, Wender RC. Screening for colorectal câncer and evolving issues for phisicians and patients. A review. JAMA. 2016:316:2135.
  9. S. Preventive Services Task Force. Screening for colorectal cancer: U.S. Preventive Services Task Force recommendation statement. Ann Intern Med. 2008; 149:627.
  10. Zauber AG, Winawer SJ, O’Brien MD, Lansdorp-Vogelaar I, van Ballegooijen M, Hankey BF, Shi W, Bond JH, Schapiro M, Panish JF, Stewart ET, Waye JD. Colonoscopic polypectomy and long-term prevention of colorectal-cancer deaths. N Engl J Med. 2012;366:687.

Escrito por

PANACEA

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