Precisamos dar especial atenção à digestão, que é fundamental para a qualidade de vida e para a saúde como um todo
A saúde digestiva muitas vezes fica esquecida na correria do dia-a-dia. Com que frequência você sente que a refeição “não caiu bem”? Que “ficou conversando com o almoço até a hora do jantar?” Que os intestinos ficam travados ou funcionam demais? Muitas pessoas não se sentem bem, mas acabam convivendo com a sensação de peso no estômago, ou inchaço ou diversos outros tipos de sintomas digestivos. Nos consultórios e serviços de pronto-atendimento, são realizadas milhões de consultas, todos os dias, por essas queixas também.
São crises de dor, desconforto relacionados à alimentação, que podem tirar a pessoa da sua rotina de estudos, trabalho e lazer, e comprometem bastante a sua qualidade de vida. Esse conjunto de sintomas e sinais relacionados à má digestão denomina-se “síndrome dispéptica” ou “dispepsia”, no vocabulário médico.
Quando procurar o médico por sintomas digestivos?
Muitas vezes, percebemos que o mal estar digestivo aconteceu por algum tipo de abuso na alimentação ou por uma crise de estresse emocional. Entretanto, deve-se procurar o médico nas seguintes situações:
- Pessoas com mais de 60 anos de idade que começam a ter alterações no padrão da digestão
- Se houver
- vômitos
- azia recorrente
- sangue nas fezes
- emagrecimento sem mudanças na dieta
- anemia
- dor ou dificuldade para engolir os alimentos
- mudança no padrão de funcionamento do intestino
- Se os sintomas interferem na sua rotina
Nesses casos, a avaliação por um profissional competente pode esclarecer se os sintomas são atribuíveis a doenças como gastrite, esofagite, refluxo gastroesofágico, úlcera, parasitoses, câncer, doenças no fígado ou vias biliares, ou até mesmo doenças em órgãos fora do aparelho digestivo. Também pode verificar a necessidade de pesquisar e erradicar a bactéria Helicobacter pylori, que é capaz de infectar o estômago.
Quais são os cuidados que podemos ter para uma boa digestão?
É interessante como a saúde digestiva não diz respeito somente ao tipo de alimento que se consome. Mais que isso, envolve todo o estilo de vida!
Bons hábitos que auxiliam a digestão:
- ALIMENTAÇÃO: Preferir os vegetais e grãos integrais ricos em fibras, que também favorecem a microbiota. Evitar os industrializados, gordurosos, excessivamente condimentados.
- HIDRATAÇÃO: Tomar água e líquidos ao longo do dia é importante para o bom funcionamento dos intestinos.
- ATIVIDADE FÍSICA: Com regularidade, distante da refeição, a atividade aeróbica pode melhorar o peristaltismo e a microbiota intestinal
- DEITAR-SE: Esperar pelo menos duas horas após a última refeição, antes de deitar-se para dormir.
Atenção aos fatores que podem prejudicar a saúde digestiva!
- ÁLCOOL: com moderação, não ingerir nos períodos com mais sintomas.
- TABACO: não fumar! Álcool e tabaco agridem o sistema digestivo, além de serem cancerígenos.
- CAFÉ e CHOCOLATE: Moderação, pois contêm cafeína, que favorece o refluxo gastroesofágico. Mas com bom senso, pois trazem benefícios à saúde também!
- MEDICAMENTOS, SUPLEMENTOS E FITOTERÁPICOS: restringir ao estritamente necessário
- Evitar os antiinflamatórios não esteroidais (por ex: diclofenaco, nimesulida, ibuprofeno, etc)
- Antibióticos alteram a microbiota intestinal
- SAÚDE MENTAL: estresse laboral, situações de abuso e violência, pressões da vida nos grandes centros urbanos, ansiedade, transtornos do humor estão relacionados a dispepsia.
Dispepsia é grave?
Quando os sintomas dispépticos começam a ficar frequentes, ou a atrapalhar nossa rotina, vem a preocupação. Será que eu tenho úlcera ou câncer? Felizmente, na maioria das vezes, a dispepsia não é causada por doenças orgânicas: são funcionais. Isso significa que o mal estar é revertido quando essas pessoas passam a cuidar dos hábitos de vida e a lidar melhor com aspectos emocionais.
Quanto a tomar medicamentos inibidores da produção de ácido gástrico (por ex. omeprazol, pantoprazol), antiácidos (por ex. hidróxido de alumínio), pró-cinéticos (por ex. domperidona) e antidepressivos tricíclicos (por ex. amitriptilina) são possibilidades a serem discutidas com o médico individualmente. A psicoterapia também é benéfica e essencial em muitos casos. Portanto, a abordagem da dispepsia funcional pode envolver diferentes profissionais, além do gastroenterologista, como o nutricionista, o educador físico e o psicoterapeuta.
E como boa digestão é assunto que interessa a todo mundo, vamos prosseguir falando sobre os diversos aspectos aqui mencionados, mais detalhadamente, nas próximas postagens. Fique conosco!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://www.worldgastroenterology.org/wgo-foundation/wdhd
https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/h-pylori/symptoms-causes/syc-20356171
https://www.nature.com/articles/nrgastro.2013.10?cacheBust=1508257179698
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