Blitz da lei seca aplica teste do bafômetro

Abordado em uma blitz da lei seca

Você já foi abordado em uma blitz da lei seca? Ou teme que aconteça isso algum dia em sua vida?

Imagine que, durante um almoço descontraído com amigos, alguém insista: é ‘só uma taça de vinho‘! E, inadvertidamente, você cede. Afinal de contas, é ‘só um golinho’. 

jantar descontraído com amigos com álcool vinho

Ao entrar no carro, sentindo-se sóbrio, o motorista limpa cuidadosamente as mãos e o volante com álcool gel. Mas, de repente, percebe lá na frente a blitz da lei seca testando todos os motoristas. E vem a preocupação: “Será que vou ser pego?”

As blitze fazem cumprir a lei seca no Brasil

No Brasil, desde 2008, a lei seca implementou a tolerância zero à ingestão de álcool por motoristas. Isso significa que qualquer quantidade de álcool detectada no sangue ou no etilômetro (mais conhecido como bafômetro) passou a ser compreendida como crime, segundo o artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).  Em contraste, no passado era considerada apenas infração administrativa. E o motorista será enquadrado apenas por ter sido detectado em uma testagem aleatória, mesmo que não tenha se envolvido em uma situação de risco.

O bafômetro detecta a quantidade de álcool no ar exalado pelos pulmões. Para níveis iguais ou maiores que 0,34 mg/L, considera-se que o motorista ingeriu bebida alcoólica recentemente. Como todo teste, está sujeito a imprecisões. Assim, o contato com álcool nos últimos 10 ou 15 minutos pode fazer com que o resíduo presente na boca superestime o resultado. Por exemplo, se o motorista tiver ingerido um bombom com alguma quantidade de licor. Outros fatores, como refluxo gastroesofágico e diabetes descompensado também podem superestimar o resultado.

O uso de álcool gel pode resultar em teste do bafômetro positivo

O uso de álcool gel em abundância nas mãos, dentro do carro fechado, também pode fazer com que o teste do bafômetro seja positivo. Mas isso não é motivo para não realizar a higienização cuidadosa exigida pela pandemia da covid-19. Porque, nesses casos, a repetição do teste após 15 minutos consegue esclarecer o correto. Isto é, se o teste foi positivo somente porque houve contato com álcool gel nas mãos, alguns minutos depois ele já será negativo. Ao contrário, se a pessoa houver ingerido bebida alcoólica, o teste continuará positivo. 

Lendas urbanas dão dicas para enganar o bafômetro nas blitze da lei seca

Segundo lendas urbanas, para enganar o bafômetro vale fazer bochecho com enxaguante bucal, comer doces, pimenta, tomar vinagre, fumar um cigarro, usar vitamina B6, beber refrigerante… Alguns mais exóticos orientam chupar uma moeda de cobre, comer carvão ou até papel higiênico(!).

Mas, para decepção dos infratores, o ar analisado pelo aparelho é o proveniente dos pulmões, que não é afetado por estes truques.

O álcool é rapidamente absorvido e cerca de 30 a 45 minutos após atinge já o pico de concentração no sangue. A metabolização no fígado ocorre lentamente, e varia bastante de pessoa para pessoa. Depende das características genéticas, se a pessoa consome habitualmente e de suas condições gerais de saúde, entre vários fatores. Pode demorar até 10 horas para não ser mais detectado no sangue. 

As blitze da lei seca na pandemia da covid-19

No início da pandemia, as blitze foram suspensas pelo risco de transmissão da infecção viral mediante contato com gotículas respiratórias durante o teste. Entretanto, com a reabertura dos bares e da circulação das pessoas, a vigilância vem sendo retomada em todo o país, respeitadas as medidas de segurança adaptadas contra a covid-19. Há novos modelos de etilômetro, que são basicamente de dois tipos: passivo e ativo. O passivo permite que a pessoa seja testada à distância, sem precisar soprar em um bocal. O etilômetro ativo é utilizado com bocal descartável, e o teste pode ser feito com o motorista dentro do carro.

A lei seca salva vidas

O fato é que beber lentifica os reflexos e prejudica a coordenação motora. As estatísticas comprovam que a lei seca já conseguiu proteger milhares de vidas, mas o consumo de álcool segue sendo, ainda hoje, uma das principais causas de mortalidade nos acidentes de trânsito.

Algumas pessoas questionam o rigor excessivo da lei, enquanto outras acham que a fiscalização ainda é ineficaz. Só não há dúvidas que álcool e direção automotiva não combinam. 

Teste do bafômetro detecta consumo de álcool com elevada sensibilidade e especificidade. Álcool e direção não combinam. Álcool gel dá falso positivo.
Lei seca salva vidas: álcool e direção não combinam.

Referências

https://www.who.int/publications/i/item/9789241565684

https://pubs.niaaa.nih.gov/publications/aa72/aa72.htm#:~:text=THE%20CHEMICAL%20BREAKDOWN%20OF%20ALCOHOL,eliminate%20it%20from%20the%20body.

Detran.SP desvenda os mitos e verdades sobre o teste do bafômetro

Escrito por

Marta Deguti

Médica hepatologista, nipo-paulistana de nascimento e de coração, casada, mãe de dois filhos, de um cãozinho e de uma gatinha.