estrada vazia

O caminho para montanhas fatalmente inclui um sinuoso trajeto que às vezes pode ser desconfortável. E você já experimentou algum enjôo ou tontura?

Muitas pessoas guardam na memória o desconforto de alguma  viagem, assim como quantas paradas foram eventualmente necessárias para sanar o desagradável enjôo.
Trata-se de um fenômeno comum, chamado CINETOSE ou ENJÔO DO MOVIMENTO

É composta por uma série de sintomas  tais como náuseas, frequentemente acompanhadas por indefinido desconforto abdominal, tonturas, palidez, sudorese e até mesmo vômitos.

Do mesmo modo que na estrada com curvas, a cinetose igualmente pode ocorrer em viagens de navio e mais raramente de avião. 

Qual a causa?

A causa é a hiperestimulação do labirinto (parte do ouvido interno responsável pelo equilíbrio). Em outras palavras é a aceleração e desaceleração do veículo,  bem como do estímulo visual.  Os troncos das árvores passando rapidamente na visão, por exemplo.

Estes sintomas também são comuns quando se tenta ler com o veículo em movimento. São informações visuais que estão conflitantes com a sensação do labirinto.

Quem está mais propenso?


É mais comum em mulheres e crianças, assim como pessoas portadoras de enxaquecas e doenças do labirinto são mais susceptíveis, sendo relevantes, ainda os fatores emocionais como ansiedade ou medo.

Como controlar a cinetose? 


Mudanças de comportamento contribuem para reduzir estes sintomas:

  • Sentar no banco da frente. Se estiver no banco traseiro preferir sentar no meio mantendo o olhar fixo na estrada
  • Respirar ar fresco. Deixe o vidro do carro aberto
  • Nunca ler livro ou mexer no celular ou tablet, assistir filmes, etc com o veiculo em movimento
  • Tentar fixar o olhar em direção à estrada (lembre-se que quem dirige não tem cinetose), bem como olhar no horizonte.
  • Dormir durante a viagem
  • Evitar viagens longas,  em contrapartida preferir fazer paradas para beber água, andar um pouco. 
  • Evitar a ingestão alcóolica

Por fim, o  tratamento medicamentoso deve ser indicado pelo médico quando as medidas comportamentais não tiveram  resultado.



Boa viagem!!!


Referencia:
Hromatka BS, Tung JY, Kiefer AK, et al: Genetic variants associated with motion sickness point to roles for inner ear development, neurological processes and glucose homeostasis. Hum Mol Genet  24(9):2700-2708, 2015. doi: 10.1093/hmg/ddv028

Escrito por

Renata Di Francesco

Graduada em Medicina em 1993 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), e especializada em Otorrinolaringologia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Doutorado em 2001 e o título de Professora Livre-Docente foi obtido em 2010.
No dia a dia dedica, no consultório privado o cuidado com pacientes e familiares.
Ainda no Hospital das Clínicas da FMUSP, hoje, coordena o Estágio em Otorrinolaringologia Pediátrica.
Outros desafios:
Diretora da Educação Médica Continuada da ABORLCCF (2012-2014)
Presidente da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (2015-2016)
Diretora Secretária da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (2015),
Diretora do Departamento de Otorrinolaringologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo-SPSP (2016-2019)
Coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Desenvolvimento e Aprendizagem da SPSP (desde 2019)
Diretora do Departamento de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria -SBP (desde 2019).