HPV, o vírus que você não precisaria conhecer, pois existe prevenção e vacina!!!!
Continuamos hoje nossa série sobre doenças relacionadas ao sexo.
Acredita-se que em torno de 70% das pessoas têm seu primeiro contato com o vírus HPV durante os primeiros 5 a 10 anos de vida sexual ativa.
Ou seja, quanto mais jovem, maior a incidência da infecção pelo HPV.
HPV (Human Papiloma Virus) significa: papiloma vírus humano.
É um vírus baseado em DNA, que tem como principal característica a tendência a estimular a multiplicação das células que ele infecta. Fazendo isso, causa o surgimentos de verrugas que chamamos de papilomas.
Muitos são os nomes mais populares que são dados a estas lesões: condilomas acuminados, crista de galo, verrugas genitais…
Estas lesões podem surgir em qualquer local onde o vírus tenha sucesso em parasitar.
Sabemos que o aparecimento das lesões verrucosas pode acontecer desde dias a anos após o contato que gerou a contaminação.Dessa forma torna-se muito difícil determinar a causalidade temporal do surgimento das lesões de forma correta.
Imunidade é o que importa
Sabemos que alterações imunológicas são o principal fator que afeta o aparecimento dos condilomas.
Então, sempre que houver algum fator que reduza a imunidade da pessoa, as lesões pelo vírus (HPV) podem surgir novamente.
Aqui temos algumas condições que podem favorecer o surgimento de lesões:
-Quaisquer outras infecções
-Dietas com restrições calóricas
-Doenças auto-imunes (como Lúpus, Dermatomiosite)
-Stress
–AIDS
-Gravidez
-Uso de corticóides
-Uso de imunossupresssores (em pacientes submetidos a transplantes)
-Deficiências nutricionais e de vitaminas
e outras…
Estudos populacionais mostram que, em indivíduos saudáveis, a tendência é de que o Sistema Imunológico elimine o vírus ao longo do tempo.
Assim, enquanto entre jovens existe uma alta taxa de positividade para o Papiloma Vírus Humano (em torno de 75% das pessoas entre 15 e 25 anos), principalmente nas mucosas genitais, à medida que avaliamos as populações mais velhas, a presença desta infecção viral vais caindo, chegando a menos de 20% em pessoas na 5a. década de vida.
Outro fator que tem um sinergismo em relação ao HPV é o Tabagismo. Pessoas que sejam consumidores de cigarros comuns e eletrônicos contendo nicotina, tendem a apresentar maior persistência do vírus em seus tecidos, mais manifestações relacionadas ao HPV e maior taxa de complicações, bem como a sinergia do tabagismo com a infecção viral favorece a transformação maligna das lesões induzidas por HPV.
O tabagismo e suas consequências para a saúde
O HPV e o Câncer de Colo Uterino
O HPV também tem uma relação direta bem estabelecida com o câncer no colo do útero .
Existem mais de 90 tipos de HPV dos quais menos de 1/4 estão mais fortemente relacionados a transformação neoplásica nos tecidos humanos. Eles são classificados por números.
Os principais tipos que representam o grupo dos HPV’s que chamamos de oncogênicos ou de “Alto Risco” para o desenvolvimento de câncer são os números: 16 e 18
Desde 1982 conhecemos a relação direta da infecção pelo HPV e as lesões que dão origem ao câncer de colo uterino.
Para tanto, é necessário que haja uma combinação de fatores, onde a persistência do vírus em atividade nos tecidos celulares por muito tempo é o principal causador do câncer no colo do útero feminino.
Desta forma, observamos que não basta apenas ter a presença do vírus HPV para apresentar o desenvolvimento de câncer, mas também que tal vírus persista no indivíduo por anos até que consiga causar transformações celulares suficientes para levar a um câncer.
É importante ressaltar que temos recursos bem estabelecidos na prevenção primária e secundária das consequências malignas da infecção pelo HPV.
Ou seja, quem faz seus cuidados de rotina regularmente, faz exames ginecológicos corretamente (anualmente) tem como fazer diagnóstico precoce e se tratar antes que um câncer de fato se desenvolva de forma definitiva.
Vacina contra HPV (prevenção primária)
Em primeiro lugar já temos no Brasil pelo SUS a vacina contra os HPVs de maior risco para causar câncer.
Esta vacina faz parte do calendário para crianças a partir dos 09 anos de idade.
Por característica, as vacinas existentes contra o HPV têm por objetivo prevenir a primeira contaminação por estes agentes infecciosos e por consequência, reduzir as taxas de câncer ( principalmente de colo uterino) em toda a população.
O vírus pode ser transmitido por contatos íntimos de qualquer espécie e através das relações sexuais desprotegidas.
Hoje no Brasil temos pelo menos 2 modalidades de vacina conta o HPV:
- Vacina quadrivalente : que protege contra os 4 tipos principais de vírus, 2 de alto risco e 2 de baixo risco
- Vacina nonavalente: que possui cobertura contra 09 tipos virais mais incidentes no mundo
Ambas as vacinas são fortemente recomendadas para todas as pessoas que não tenham iniciado suas atividades sexuais.
A vacina quadrivalente é oferecida pelo sistema público de saúde a partir dos 09 anos de idade.
Pessoas mais velhas também podem se beneficiar da vacinação, mesmo que já tenham tido contato com o HPV, pois terão a prevenção imunológica contra os tipos a que não teve contato.
Auto-Preservação = Sexo seguro
Po isso o uso de métodos preventivos de barreira como as camisinhas masculinas e femininas, tendem a reduzir bastante a chance de contaminação pelo HPV e assim também duas consequências .
O uso da barreira mecânica é recomendado durante todo o contato sexual, desde as preliminares.
Sexo oral também tem o potencial de contaminação, portanto, é recomendado que os cuidados sejam os mesmos.
Até mesmo o contato antes da efetiva penetração precisa ser feito com proteção.
Prevenção secundária: os exames
Os exames de Papanicolau também vem se sofisticando ao longo do tempo, incorporando tecnologias de biologia molecular que nos permitem identificar não apenas a presença do vírus na mucosa genital como também até seu subtipo ( um daqueles mais de 90…)
Estes exames (como a captura híbrida para HPV, a citologia oncótica, a ajudam a determinar quais são as mulheres que necessitam de maior atenção e exames mais frequentes com intuito de rastrear uma possível alteração relacionada ao câncer de colo uterino e fazer seu tratamento de forma mais precoce possível até a cura.
Existem também relatos que conectam o HPV com outras modalidades de câncer como o anorretal e de cabeça e pescoço, mas isso será assunto para outro dia…