Desde o advento da luz elétrica, a urbanização e a industrialização o ser humano tem extendido o seu período de atividades diárias, invadindo o início da noite. Mas atualmente, cada vez mais temos atrativos para ficar mais tempo acordados. Seja por necessidade trabalhar mais horas por dia ou em decorrência dos nossos afazeres domésticos  ou simplesmente por

E é assim! Todas estas “luzes” invadem nossos olhos, quando não deveriam. Parecendo ao nosso corpo que ainda é dia.

O sono

Apesar de parecer que o sono é um estado quiescente, sem atividade. Nosso corpo desempenha funções biológicas muito importantes. 

É um momento para o  reparo celular e muito importante para a plasticidade neuronal ou seja as reconexões nervosas no sistema nervoso. 

O sono é fundamental para a memória e fixação de novos conteúdos. Nossas avós tinham razão em dizer que era para estudar no dia anterior da prova!

Em crianças a ação adequada da secreção do GH (hormônio do crescimento) depende da organização correta das fases do sono. 

As alterações do rítmo circadiano

Há muitas evidências de que a alteração dos padrões de exposição à luz ou seja a ruptura do ciclo vigília sono contribui para malefícios a nossa saúde, pois alteram o nosso relógio interno, o ritmo circadiano. 

Consequentemente estas alterações afetar nossos hormônios, a temperatura corporal, hábitos alimentares. 

E dessa forma podem surgir problemas como a diabetes, obesidade, depressão, problemas com imunidade.

O que controla o nosso relógio interno? 

O “controlador” é o  núcleo supraquiasmático, pequena parte do nossos sistema nervoso central que recebe nervos diretamente de nossos olhos para interpretar a presença  e duração luz, bem como o escuro.

Quando a luz diminui os olhos sinalizam o cérebro para produzir mais melatonina, o hormônio que nos faz dormir. Ao nascer do sol o sinal é para reduzir a melatonina e aumentar o cortisol e assim vamos para o estado de alerta. 

Parece simples, mas inúmeras outras funções do nosso corpo dependem da harmonia deste sistema.

Outras causas de alteração do ritmo circadiano

  • trocas frequentes de turno de trabalho;
  • plantões noturnos;
  • horas muito distintas de ir dormir;
  • problemas neurológicos com: demência, acidentes vasculares encefálicos;
  • falta de exposição prolongada a luz solar;
  • luzes acesas durante o sono;
  • hábitos noturnos ruins ;

Quais sintomas aparecem na mudança do nosso ritmo circadiano? 

  • insônia;
  • sonolência diurna;
  • dificuldade de acordar pela manhã;
  • depressão;
  • estresse principalmente nas relações sociais;
  • baixo desempenho escolar e profissional;

Como podemos melhorar o ritmo do nosso relógio interno? 

Principalmente cultivando hábitos de vida saudável:

  • manter horários regulares para dormir e acordar, mesmo aos finais de semana e períodos de férias
  • pratique atividades físicas regulares, e evite exercícios intensos próximos da hora de dormir
  • evite pelo menos uma hora antes de dormir:
    • substâncias como álcool, cafeína, nicotina
    • atividades como TV, mídias sociais, jogos eletrônicos 
    • evite álcool ou cafeína pelo menos uma hora antes ir para cama. 

E ainda preste atenção a outros problemas de saúde que podem interferir no sono, tais como apneia obstrutiva do sono, refluxo gastro esofágico, entre outros. 

Leve uma vida saudável, durma bem e cuide do seu relógio interno!

Referências:

  1. McHill AW, Hull JT, Klerman EB. Chronic Circadian Disruption and Sleep Restriction Influence Subjective Hunger, Appetite, and Food Preference. Nutrients. 2022 Apr 26;14(9):1800
  2. https://www.webmd.com/sleep-disorders/find-circadian-rhythm
  3. Adnan D, Trinh J, Bishehsari F. Inconsistent eating time is associated with obesity: A prospective study. EXCLI J. 2022 Jan 14;21:300-306

Circadian Rhythm and Your Body Clock

Escrito por

Renata Di Francesco

Graduada em Medicina em 1993 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), e especializada em Otorrinolaringologia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Doutorado em 2001 e o título de Professora Livre-Docente foi obtido em 2010.
No dia a dia dedica, no consultório privado o cuidado com pacientes e familiares.
Ainda no Hospital das Clínicas da FMUSP, hoje, coordena o Estágio em Otorrinolaringologia Pediátrica.
Outros desafios:
Diretora da Educação Médica Continuada da ABORLCCF (2012-2014)
Presidente da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (2015-2016)
Diretora Secretária da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (2015),
Diretora do Departamento de Otorrinolaringologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo-SPSP (2016-2019)
Coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Desenvolvimento e Aprendizagem da SPSP (desde 2019)
Diretora do Departamento de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria -SBP (desde 2019).