visão

Quando falamos em conscientização sobre a cegueira, já nos chegam as doenças que causam cegueira: catarata, glaucoma, descolamento de retina…
Inclusive, no último relatório mundial sobre a visão (Light for the world), estima-se que há perto de 2,2 mil milhões de pessoas com deficiência visual. Destas, metade com alguma doença que poderia ter sido evitada ou…
Ainda não recebeu assistência!

Entretanto, as doenças oculares mais predominantes ainda são os vícios de refração: miopia, hipermetropia, astigmatismo (2,6 mil milhões) e presbiopia (1,8 mil milhões). Destes, por volta de 123,7 milhões sem assistência oftalmológica ou…

Deficientes visuais por falta de óculos!

O que me faz lembrar de uma paciente professora do ensino público fundamental muito querida. Durante uma consulta, disse ter uma aluna genial que, por uma conjuntivite, ficou cega e parou de estudar.

?!?!?!?!?!

Achei a história esquisita e me ofereci a tentar esclarecer o que de fato ocorreu.
Quando a examinei: tudo normal! Apenas uma miopia que apareceu na adolescência e nada tinha a ver com a conjuntivite. Ou seja: a falta dos óculos interrompeu seus estudos.

Como este, vários casos espalhados. A especialidade de maior fila no SUS é oftalmologia, e poucos têm condições de comprar óculos.

Desigualdade Social e Acessibilidade

Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, assim como planos de ação da OMS nos últimos 30 anos, o maior desafio ainda está na desigualdade de oferta de assistência oftalmológica.
Além disso, o envelhecimento da população atrelado às mudanças no estilo de vida podem aumentar o número de pessoas que precisam de óculos.

O que nos faz pensar: as pesquisas científicas na oftalmologia são imprescindíveis e nos proporcionam avanços como a terapia genica para doenças retinianas raras, cuja ampola para tratar um olho custa perto de 500 mil dólares.

…mas aí vem a pergunta que não quer calar: quantos óculos para quantas pessoas esta quantia poderia beneficiar?

 

Relatório Mundial Sobre a Visão 2021 “Light for the world”

Escrito por

Cassia Suzuki

Médica oftalmologista, quase filósofa, mãe de 2 filhas e 2 cachorrinhas