setembro amarelo

 

Setembro é o  mês escolhido para falar sobre prevenção ao suicídio. Este é um tema importante, dado que o suicídio afeta cerca de 1 milhão de pessoas por ano globalmente, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) . Entre adolescentes e adultos jovens, é a segunda causa de mortalidade prematura. 

Estima-se também que a maior parte dos casos de suicídio sejam relacionados a transtornos psiquiátricos diversos, principalmente não diagnosticados ou tratados incorretamente. Ou seja, são causas que poderiam ser potencialmente revertidas com tratamento adequado.

A transtorno depressivo e  o transtorno bipolar, os chamados transtornos do humor, estão bastante presentes , transtornos relacionados ao uso agudo ou crônico de álcool e/ou de outras substâncias, esquizofrenia , transtornos ansiosos, sobretudo estresse pós traumático e transtornos de personalidade são os quadros mais frequentemente associados.

Prevenção ao suicídio e estigma da doença mental

A prevenção ao suicídio passa por várias etapas.

Uma delas  é superar o estigma da doença mental. 

A saúde mental é determinada por uma complexa interação de aspectos individuais ( genética e autocuidados), familiares e comunitários, fatores estruturais.

A prevalência de transtornos psiquiátricos na população, ou seja, quantas pessoas têm um transtorno mental na população, é mais alta do que se imagina.

 O estudo São Paulo Megacity Mental Health Survey, Brazil constatou que 29.6% das pessoas com mais de 18 anos na Grande São Paulo,  aproximadamente 1 a cada 3 pessoas com mais de 18 anos, apresenta algum transtorno psiquiátrico ao longo de 12 meses. O que chama atenção neste mesmo estudo  é que o uso de qualquer recurso de saúde foi no máximo 30%, ou seja, 70% das pessoas estavam sem nenhum tipo de assistência em saúde mental.

Além disso, estima-se  um aumento de 28% e 26% para transtornos depressivos maiores e transtornos de ansiedade, respectivamente em apenas um ano  decorrentes da Pandemia de COVID-19.

Quem precisa, deve procurar por ajuda sem receio.

Pensando em todos estes aspectos, desde 2014 temos a campanha Setembro Amarelo promovida pela  Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), com  informações voltadas tanto para a população geral quanto para profissionais de saúde.

Analogamente temos o World Suicide Prevention Day promovido pela IASP (International Association for Suicide Prevention), no dia 10 de setembro, além de várias outras campanhas.

 

Fatos e mitos na prevenção ao suicídio

Falar sobre suicídio não costuma ser confortável, porém é importante esclarecer alguns mitos. Aqui alguns exemplos bastante disseminados, adaptado  de publicações da OMS (3).

MITO: Falar sobre suicídio pode ser considerado uma ideia ruim, pois pode ser interpretado como um estimulo.

  • Na verdade, muitas vezes alguém que está pensando em suicídio não encontra com quem falar abertamente e uma abordagem franca e acolhedora pode ajudar na prevenção.

MITO: Quem fala sobre suicídio, não tenta.

  • Na verdade, falar sobre suicídio pode ser um pedido ajuda, o indivíduo por estar se sentindo deprimido, ansioso e sem esperança e pode realmente sentir que não há luz no fim do túnel.

MITO: Quem comete suicídio está determinado a morrer

  • Nem sempre, as pessoas suicidas são muitas vezes ambivalentes sobre viver ou morrer. O acesso ao apoio emocional no momento certo pode prevenir suicídio.

MITO A maioria dos suicídios acontece de repente, sem aviso prévio.

  • Na verdade, a maioria dos suicídios foi precedida por sinais de alerta, sejam verbais ou comportamentais. Claro que alguns suicídios ocorrem sem aviso prévio. Mas é importante entender quais são os sinais de alerta, nem sempre evidentes.

MITO Uma vez que alguém é suicida, ele ou ela sempre permanecerá suicida.

  • Na verdade, o aumento do risco de suicídio é muitas vezes de curto prazo e específico para uma situação. Apesar de pensamentos suicidas poderem retornar, eles não são necessariamente permanentes .

MITO Somente pessoas com transtornos mentais são suicidas.

  •  Como dissemos, a maior parte dos casos de suicídio está associada a algum transtorno psiquiátrico. Contudo, muitas pessoas que têm um ou mais transtornos psiquiátricos  não têm  comportamento suicida. 

MITO O comportamento suicida é fácil de explicar

  • Na verdade,  o suicídio nunca é o resultado de um único evento, como falha profissional ou rompimento de um relacionamento.. Os fatores que levam um indivíduo ao suicídio são geralmente múltiplos e complexos. Saúde, saúde mental, características pessoais (impulsividade, por exemplo), eventos estressantes da vida, fatores sociais e culturais precisam ser levados em consideração.

E quem fica…

Todo suicídio é uma tragédia que afeta famílias e comunidades e tem efeitos duradouros sobre as pessoas que ficam (de familiares, amigos a colegas de escola ou trabalho). Cada suicídio pode impactar cerca de 60 pessoas, de formas e em graus diferentes. Portanto estima-se que entre 60 e 500 milhões de pessoas passam por  luto relacionado ao  suicídio a cada ano. 

Os parceiros e ex-parceiros de pessoas que morreram por suicídio possuem aumento do risco de suicídio nos 2 anos após o suicídio, assim como há aumento do risco de suicídio materno após o suicídio de um filho adulto. Estes dados sugerem  que os membros da família imediata devem receber atenção e apoio adequado . 


A importância da mídia – se você publica em redes sociais:

As redes sociais podem ser grandes parceiras na divulgação de informações de qualidade para pessoas que necessitam. Porém, só boa intenção não basta: a veiculação de notícias sobre suicídios está relacionada a aumento de novos casos , conhecido como efeito Werther.  Logo, o cuidado com conteúdo e forma da publicação é importantíssimo, sobretudo quando a pessoa envolvida for alguma celebridade ou popular.

   O que você pode fazer:

  • Forneça informações precisas sobre onde procurar ajuda, sempre inclua um número de telefone de referência e informações sobre os serviços locais de intervenção em crises. 
  • Não inclua fotos de familiares, amigos, memoriais ou funerais em luto.
  • Relate histórias de como lidar com estressores da vida ou pensamentos suicidas, e como obter ajuda
  • Tenha cuidado ao entrevistar familiares ou amigos enlutados
  • Reconheça que os próprios profissionais de mídia podem ser afetados por histórias sobre suicídio
  • Não use linguagem que sensacionalize ou normalize o suicídio
  • Não apresente o suicídio como solução construtiva para problemas

Para mais informação :

Contatos úteis

Onde buscar ajuda:

– Serviços de saúde: CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde)
 Centro de Valorização da Vida – CVV / Telefone: 188
– Emergências: SAMU 192, UPA, Pronto Socorro e Hospitais.

 

1 . CVV Centro de Valorização da Vida   www.cvv.org.br/ ou ligue 188 ou no facebook https://www.facebook.com/postocvv.abolicao

2. SAMU : suicídio é uma emergência médica – ligue 192

3. Se você tem de 13 a 24 anos https://www.podefalar.org.br/

4. Na cidade de São Paulo, para procurar atendimento em saúde mental ou pronto socorro: http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/

5. Para quem tem transtorno alimentar : https://astralbr.org/buscar-ajuda/

6.Portal Ministério da Saude (MS) http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/suicidio

7. Centro de Atenção Psicosocial (CAPS) http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-mental/acoes-e-programas-saude-mental/centro-de-atencao-psicossocial-caps

8. Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) http://mds.gov.br/assuntos/assistencia-social/unidades-de-atendimento/cras

9.Movimento Setembro Amarelo, Dia mundial de Prevenção ao Suicídio http://www.setembroamarelo.org.br/ 

10.Associação Brasileira de Psiquiatria http://www.abp.org.br/

11.Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio  http://www.iasp.info

12.Grupos de Apoio Sobreviventes do Suicídio https://vitaalere.com.br/sobre-o-suicidio/posvencao/grupo-de-sobreviventes/

Bibliografia

  1. Bachmann S. (2018). Epidemiology of Suicide and the Psychiatric Perspective. International journal of environmental research and public health15(7), 1425.
  2. https://apps.who.int/iris/handle/10665/258814
  3. OMS: WHO -http://apps.who.int/iris.
  4. ABP – https://www.setembroamarelo.com/
  5. Andrade LH, Wang Y-P, Andreoni S, Silveira CM, Alexandrino-Silva C, Siu ER, et al. (2012) Mental Disorders in Megacities: Findings from the São Paulo Megacity Mental Health Survey, Brazil. PLoS ONE 7(2): e31879.