Desde sempre as mulheres buscaram ter algum nível de controle sobre sua paridade. No Egito antigo havia relatos do uso de fezes de crocodilos do Nilo misturadas com mel e colocadas na cavidade vaginal para evitar a gravidez.
Desde o século XV, sabe-se do uso de bexigas e membranas dos intestinos de animais para criar rudimentares preservativos masculinos.
Formas ancestrais de duchas vaginais ácidas, dispositivos colocados intra-uterinos e objetos colocados na vagina que lembrariam o princípio do diafragma ou da esponja vaginal também existiram por longos milênios.
Foi apenas no início da década de 50 que duas mulheres feministas (Margaret Sanger e Katherine McCormick) se propuseram a criar um método que pudesse evitar gravidez de forma simples e acessível.
Estavam cansadas de ver mulheres morrendo todos os dias ao tentar praticar abortos caseiros ou mal assistidos como única forma que dispunham de controlar sua natalidade.
Por meio das pesquisas do cientista dr.Gregory Pincus e do médico ginecologista dr.John Rock , finalmente chegaram ao produto que seria laçado no mercado americano em 1957 como “regulador menstrual” e posteriormente em 18 de Agosto de 1960 obteria o registro definitivo do FDA como Contraceptivo: o Enovid, que trouxe a revolução da contracepção ao mundo moderno.
Desde então as pesquisas vem sendo incessantes no intuito de evoluir os métodos contraceptivos e novidades surgem todos os dias.
Mesmo assim, até hoje, estima-se que 1/3 das mulheres em idade reprodutiva que possuam vida sexual ativa não utilizam nenhum método contraceptivo regularmente (!!!)
Liberdade de escolha
Cada mulher deve poder ser soberana sobre sua capacidade reprodutiva.
De forma objetiva, os métodos contraceptivos trouxeram essa liberdade para todas as mulheres.
Mais do que evitar uma gravidez indesejada, sabemos que o controle da fecundidade é essencial para proporcionar às mulheres a possibilidade de ter escolhas.
Assim, a mulher se torna capaz de poder exercer sua vida sexual de forma responsável, determinando se e quando deseja reproduzir. Cada uma podendo escolher seu roteiro de vida: estudar, trabalhar, se divertir, amar, sem medo de ser feliz.
Regra número 1
Qualquer relacionamento deve se basear em respeito.
Respeitar seu parceiro significa zelar por esta pessoa, ter cuidado com ela.
No que se correlaciona ao sexo não deve ser diferente.
O uso de preservativos deve ser sempre a regra número 1 de uma casal de namorados.
O principal motivo para isso é que ninguém precisa herdar toda a história sexual de seu parceiro.
A camisinha é a única forma de preservar a individualidade microbiana de cada um e ainda assim exercer sua sexualidade de forma segura e plena.
Deve-se usar um único preservativo para cada penetração, ok? Não importa que seja com a mesma pessoa, na mesma data.
Entretanto, isoladamente, o método de barreira exclusivo tem uma alta taxa de falha como contraceptivo, em torno de 15 a 20% (!!!).
Mas, para evitar doenças é padrão ouro! Use por favor! Sempre!
Então, o que fazer?
Meu melhor conselho é sempre associar o preservativo (=proteção contra doenças) a um método anticoncepcional com alta eficácia, baixa taxa de falha.
E como escolher o melhor método?
Devemos sempre levar em conta o perfil de cada mulher. Sabemos que a rotina afeta de forma decisiva a escolha dos métodos contraceptivos.
O método escolhido precisa ser algo que se adapte ao dia-a dia daquela mulher, sem demandar sofrimento ou grandes esforços, mas sim trazendo benefícios secundários além da contracepção por si só.
Por exemplo: mulheres que trabalham fazendo frequentes viagens internacionais (comissárias de bordo, pilotos, modelos, executivas, pesquisadoras) podem experimentar irregularidades menstruais muito importantes devidas aos fusos-horários variados que vivenciam.
Imagine uma mulher que faz pesquisas de campo em meio a grandes predadores (lobos, leões, tigres, ursos…): não seria nada bom estar menstruada no meio da floresta, não acha?
Assim, muitas preferem lançar mão de métodos contraceptivos que bloqueiam os ciclos, de modo que não sofrem tais problemas.
Da mesmo forma, mulheres atletas de alta performance experimentam uma queda de rendimento de seus treinos durante as fases da TPM ( Tensão Pré-Menstrual) e catamenial. Então, várias acabam por optar por uma método contraceptivo que agregue benefícios de controle do ciclo menstrual e manejo de sintomas.
Por outro lado, existem mulheres que apresentam histórico pessoal de má adaptação a algum método…então essa modalidade deve ser evitada.
Assim também, se a mulher achar que não conseguirá usar uma medicação diária por via oral com regularidade, se acha que vai esquecer muitas vezes a pílula, melhor pensar em outra possibilidade.
Também encontramos cada vez mais mulheres atualmente que não desejam usar métodos hormonais contraceptivos… e para elas, existem os métodos não hormonais.
Mulheres que desejam evitar a gravidez por um curto espaço de tempo normalmente não são aconselhadas a usar os métodos LARC (é uma sigla em inglês para “Long- Acting Reversible Contraceptives” ou” métodos contraceptivos reversíveis de longa duração”).
Já aquelas que têm certeza absoluta que não desejam gravidez de forma alguma podem se habilitar a esterilização definitiva , chamada Laqueadura Tubárea, que consiste na obstrução cirúrgica das tropas de falópio bilateralmente, com objetivo de evitar a fecundação.
Se essa mulher for casada e seu parceiro assim desejar, pode ser ele a fazer a Vasectomia (=cirurgia que consiste na obstrução dos dutos deferentes que levam os espermatozóides para o liquido ejaculatório, tonando-o infértil)
Aquelas que são portadora de mutações que levam aumento de risco para tromboses são desaconselhadas a usar métodos que contenham estrogênios sintéticos, entretanto as portadoras de síndromes androgênicas (SOP, acne, pele oleosa, ciclos irregulares ou até falta de menstruações espontâneas) podem se beneficiar do uso de certos tipos de pílula.
Mulheres que apresentam doenças de pele, principalmente alergias de contato não devem ser direcionadas a utilizar adesivos cutâneos.
Já aquelas de sofram de cólicas menstruais muito intensas devem pensar mil vezes antes de pensar em usar um DIU metálico (cobre-prata).
Métodos contraceptivos disponíveis no nosso Brasil
Comportamentais:
•Abstinência: método mais eficaz, quase a prova de falhas.
•Tabelinha: a pessoa tenta calcular seu período fértil e não tem relações nesse período
•Misto: a pessoa tenta calcular seu período fértil e usa preservativo apenas nesse período…
•Coito interrompido: o pior dos mundos: a pessoa tem relação sem proteção mecânica nenhuma (cadê a a camisinha, gente?) e na hora da ejaculação o parceiro apenas se retira da vagina…preciso contar para vocês que dessa forma a chance de engravidar é bem alta, pois a pessoa acha que está se protegendo de alguma forma, ignorando o fato de que mesmo na secreção pré-ejaculatória já pode haver espermatozóides vivos e viáveis que podem fecundar a mocinha.
Não Hormonais:
Hormonais:
•Implante contraceptivo (LARC)
•Sistema Intra Uterino liberador de levonorgestrel (LARC)
Guia dos métodos de longo prazo:
https://www.gineco.com.br/anticoncepcionaldelp
Definitivos (Cirúrgicos):
O mais importante de tudo é que a mulher tenha pleno conhecimento sobre tudo aquilo que existe a sua disposição hoje em dia e, imbuída desse poder do conhecimento, fazer a melhor escolha para suas escolhas e de vida e planejamento familiar.
–História dos métodos anticoncepcionais na antiguidade: https://www.spdm.org.br/blogs/reproducao-humana/item/1777-pequena-historia-dos-anticoncepcionais
-in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/11/2018“O nascimento da pílula anticoncepcional e a revolução sexual e reprodutiva, artigo de José Eustáquio Diniz Alves,” in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/11/2018, https://www.ecodebate.com.br/2018/11/26/o-nascimento-da-pilula-anticoncepcional-e-a-revolucao-sexual-e-reprodutiva-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.
-NEIS, C.; PIZZI, J. Influências do ciclo menstrual na performance de atletas: revisão de literatura. Arq. Cienc. Saúde UNIPAR, Umuara- ma, v. 22, n. 2, p. 123-128, maio/ago. 2018 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-883586
-Métodos Contraceptivos, uma apanhado geral: https://summitsaude.estadao.com.br/saude-humanizada/anticoncepcional-riscos-beneficios-e-como-funciona/