homem com sinusite

As baixas temperaturas chegaram e com elas um maior número de infecções das vias respiratórias.

Os sintomas? Todos nós conhecemos; coriza, espirros, dor de cabeça, tosse.

Os vírus são os causadores da maioria destas infecções como por exemplo:  rinovírus, enterovírus, influenza, e até o sars-cov2.

Mas você já sentiu como se o resfriado não tivesse passado? Mantendo a obstrução nasal e a coriza que era clara torna-se uma secreção esverdeada em torno do décimo dia de sintomas?

Então, há uma grande chance que agora seja uma sinusite bacteriana.

Como diferenciar um quadro respiratório viral de uma sinusite bacteriana?

Nas infecções virais o quadro, em geral, dura menos de 10 dias. Por outro lado, as sinusites bacterianas aparecem depois, quando parece que os sintomas melhorariam, mas voltam a piorar.

Quando suspeitar de uma de sinusite bacteriana?

  • Sintomas por mais de 10 dias:
  • Coriza esverdeada;
  • dor de garganta;
  • coriza;
  • obstrução nasal;
  • dor de cabeça;
  • pressão na face;
  • espirros;
  • febre baixa.

Como acontecem as sinusites?

A sinusite aparece da complicação de uma infeção viral.

Há inflamação de pequenos espaços de ar dentro da face (seios da face) próximos do nariz.
É que durante a infecção viral a mucosa respiratória torna-se edemaciado, inchada e dessa forma obstrui os pontos de drenagem destes espaços e em seguida acabam  contaminados com bactérias.

Nos adultos surge então a dor de cabeça que piora ao se movimentar a cabeça, além de secreção nasal esverdeada e tosse.

Como evitar?

Antes de mais nada, o primeiro passo é evitar infeções virais das vias aéreas. As infecções virais são transmitidas pelo contato próximo, sendo os principais fatores de risco:

  • contato próximo entre as crianças em creches e escolas;
  • doenças respiratórias de base como rinite, asma;
  • exposição ao tabaco, seja para quem fuma ou mesmo apenas para aquele se expões passivamente.

E como diagnosticar as sinusites?

O diagnóstico, em geral, é clinico, ou seja baseado nos sintomas descritos acima, entretanto o médico pode solicitar exames de imagem na suspeita de complicações, como abscessos por exemplo. Nestes casos a tomografia computadorizada de seios paranasais é a mais indicada.

Como tratar das sinusites?

Os vírus são responsáveis por 98% das infecções e que portanto são eventos autolimitados que requerem apenas tratamentos de suporte, tais como antitérmicos, analgésicos, a fim de  amenizar os sintomas.
A exceção é a infeções pelo o Influenza A ou B que quando tem seu diagnóstico confirmado através de testes de infecção viral nas primeiras 48 de sintomas, pode ser tratado com o oseltamivir.
A irrigação nasal com soluções salinas é ótima medida para redução da secreção nasal.
Os antibióticos são indicados nas sinusites bacterianas.

Quando usar o antibiótico?

Apenas nas sinusites bacterianas ou seja em quadros arrastados a partir de 1 semana a 10 dias de persistência dos sintomas e secreção esverdeada.

 

Use antibióticos apenas quando estritamente necessário.

Lembre-se: o uso de antibióticos não apresenta nenhuma ação na infecção viral.
O uso indiscriminado destas drogas leva a resistência bacteriana. Este é a grande ameaça ao aparecimento de superbactérias. ˜

Referências:

Fokkens WJ et al.  European Position Paper on Rhinosinusitis and Nasal Polyps 2020. Rhinology. 2020 Feb 20;58(Suppl S29):1-464. doi: 10.4193/Rhin20.600. PMID: 32077450.

Rosenfeld `, Piccirillo JF, Chandrasekhar, SS, et al. Clinical Practice Guideline: Adult Sinusitis. Otolaryngol Head Neck Surg. 2015.

https://www.enthealth.org/conditions/sinusitis/

https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/antibiotic-resistance

Escrito por

Renata Di Francesco

Graduada em Medicina em 1993 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), e especializada em Otorrinolaringologia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Doutorado em 2001 e o título de Professora Livre-Docente foi obtido em 2010.
No dia a dia dedica, no consultório privado o cuidado com pacientes e familiares.
Ainda no Hospital das Clínicas da FMUSP, hoje, coordena o Estágio em Otorrinolaringologia Pediátrica.
Outros desafios:
Diretora da Educação Médica Continuada da ABORLCCF (2012-2014)
Presidente da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (2015-2016)
Diretora Secretária da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (2015),
Diretora do Departamento de Otorrinolaringologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo-SPSP (2016-2019)
Coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Desenvolvimento e Aprendizagem da SPSP (desde 2019)
Diretora do Departamento de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria -SBP (desde 2019).