mulheres vatiadas

Janeiro “Verde” foi escolhido como mês da campanha de alerta para prevenção do Câncer de Colo Uterino

O Câncer de colo uterino

O Câncer de colo uterino ou Câncer cervical está entre os top 3 mais frequentes nas mulheres do Brasil.

Com uma estimativa de mais de 16mil casos novos por ano, esta doença é responsável por 5 óbitos para cada 100mil mulheres no nosso pais a cada ano.

Sabemos que sua maior incidência acontece em mulheres entre 30 e 60 anos de idade. 

Também já é extensamente comprovado que o HPV é o maior fator causal para desenvolvimento desse tumor.

Neste contexto, o Câncer de colo uterino tem fatores de risco muito similares a outras infecções sexualmente transmissíveis, pois o vírus HPV é principalmente transmitido pelo contato íntimo genital.

 

HPV é o vilão

O desenvolvimento do câncer cervical necessita de algumas condições para acontecer, dentre as quais a infecção persistente pelo Papiloma Vírus Humano é a principal delas.

Conforme estatísticas nacionais, em torno de 75% das mulheres devem ter contato com o HPV ao longo da vida. Destas, em torno de 5% podem desenvolver o Câncer de colo uterino ao longo da vida.

Desde a primeira infecção pelo papilomavírus, o tempo para desenvolvimento de uma neoplasia maligna pode ser de 2 a 10 anos.

Comportamentos que aumentem a chance de ter contato com o vírus, também estarão associados a aumento de risco para o câncer de colo uterino:

-Coito desprotegido

-Multiplicidade de parceiros sexuais

-Baixa higiene sexual

-Outras infecções genitais (‘corrimentos’e ‘feridas’) concomitantes

-Início sexual precoce

Há indicadores de que o Tabagismo também é um fator colaborativo para a evolução da infecção pelo HPV no aparelho reprodutor feminino em direção ao câncer.

E como acontece o câncer, afinal?

evolução ca colo
evolução celular para neoplasia cervical

Ao longo das pesquisas foram identificados múltiplos fatores que podem favorecer o desenvolvimento de tumor maligno a partir da persistência da infeção pelo HPV, dos quais os distúrbios de imunidade são os principais.

Tudo começa com um contato íntimo, quase sempre sexual. A relação sexual envolve atrito das mucosas, o que gera microfissuras nas camadas protetoras externas. Estas fissuras abrem caminho para que o vírus tenha acesso às células  mais profundas que contém um núcleo com material genético ‘ativo'(ou seja, capaz de se reproduzir). O vírus insere o seu próprio DNA nestas células do hospedeiro e então ganha acesso ao controle dessa célula.  Seguindo a história natural da infecção viral nas mucosas, 3 coisas podem acontecer:

  • O vírus pode ser eliminado completamente pelo sistema imunológico do indivíduo
  • O HPV pode ficar em estado de pausa, dentro das células infectadas, sem causar grandes transformações
  • Ou ele pode iniciar os processos de ativação da multiplicação celular e ativação de seu DNA patológico nas células, deflagrando o processo de displasia celular.

A partir de então, tanto ele pode escravizar a célula para produzir milhares de cópias suas (que irão por sua vez infectar as células vizinhas dessa e assim por diante…) como também pode modificar o DNA dessa célula infectada e fazer com que a mesma comece a reproduzir desenfreadamente, com mutações que levarão a erros cumulativos e progressivos. Estas células transformadas e sem controle, que se reproduzem incessantemente e não respeitam as ‘regras’ do tecido de origem, serão a sede de neoplasias.

 

Para quê serve o ‘Papanicolaou’

Primeiramente, vamos entender o que é exame preventivo.

Preventivo é aquele exame que a pessoa faz para procurar uma alteração ou doença, antes que a mesma cause distúrbios de função e/ou sintomas, pois quando há sintomas já buscamos um exame diagnóstico.

Ele consiste numa grande ‘peneira’, que fazemos em todas as pessoas de um determinado grupo para selecionar aquelas que merecem um maior aprofundamento na busca pelo problema em questão.

pu papa
publicação de Papanicolaou 1941

O exame colpocitológico carinhosamente chamado pelas pessoas de ‘Papanicolaou‘ em homenagem ao pesquisador grego que o idealizou ou de “preventivo’, procura células suspeitas no conteúdo de raspado do colo do útero e vagina.

Uma vez encontradas células diferentes do habitual, a mulher é encaminhada para exames mais específicos, dentre os quais o exame sob lentes de aumento que chama-se Colposcopia. Este, por sua vez, pode guiar o médico a realizar uma biópsia de uma região alterada, que esta sim é que faz diagnóstico.

 

George Papanicolaou
George Papanicolaou (1883-1962)

Também hoje temos acesso a testagem do conteúdo vaginal para detectar o próprio HPV. Estes teste buscam os fragmentos do DNA do vírus nas células que estão sendo estudadas e até mesmo proteínas do vírus que marcam atividade celular.

A combinação desses métodos de avaliação trazem mais precisão às recomendações para acompanhamento de cada situação da saúde da mulher, até mesmo encaminhando a tratamentos específicos quando necessário.

 

Vacina sim!

Em 1991, o imunologista chinês Jian Zhou e o médico escocês Ian Frazer descobriram e registraram a primeira vacina reconhecida no mundo para prevenção de um câncer em humanos: A vacina contra o vírus HPV.

Apenas em 2006 esta vacina foi finalmente lançada no mercado mundial.

No Brasil, a vacina começou a ser distribuída em Março de 2014, destinada a meninas de 11 a 13 anos.

Em 2015, a vacina passou a ser disponibilizada a meninas  e meninos de 9 a 11 anos.

Atualmente a  vacina é disponível no  SUS,  do tipo quadrivalente e protege contra quatro principais  tipos de HPV: 6, 11, 16 e 18.

Em bula, a vacina pode ser aplicada em mulheres até 49 anos e as indicações em mulheres adultas devem ser conversadas com a sua médica de confiança.

Estratégia Global para eliminar o Câncer de Colo Uterino

A campanha, lançada pela OMS em 17 de Novembro de 2021  tem como objetivo eliminar este câncer , que é evitável.Através do objetivo mundial de vacinar pelo menos 70% das meninas até 15 anos e testar pelo menos 90% das mulheres pelo menos 1 vez até os 35 anos e mais uma vez até os 45 anos.

Parece pouco, mas estas ações em conjunto têm por objetivo reduzir em até  40% a incidência de novos casos de câncer de colo uterino no mundo e consequentemente reduzir pela metade as mais de 5 milhões de mortes que ocorreriam devidas ao câncer de colo uterino até 2050.

cervical cancer awareness
campanha da IGCS em combate ao câncer de colo uterino

Wikipedia: Papanicolaou

Cherries on top

Estratégia Global para eliminar o Câncer de Colo do Útero

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Estimativa 2020: incidência do Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2019a. Disponível em: https://www.inca.gov.br/estimativa/taxas-ajustadas/neoplasia-maligna-da-mama-feminina-e-colo-do-utero (abre em nova janela). Acesso em: 12 maio 2021.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Detecção precoce do câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2021. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/deteccao-precoce-do-cancer (abre em nova janela). Acesso em: 20 setembro 2021.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA (INCA). Atlas da mortalidade. Rio de Janeiro: INCA, 2021. 1 base de dados. Disponível em: https://www.inca.gov.br/app/mortalidade (abre em nova janela). Acesso em: 18 jan 2021.

Celebridades que enfrentaram o câncer de colo uterino