“Os olhos esbugalhados
Do moleque assustado
Olhando aquele mar bravo
Ora doce, ora salgado
Num temporal de verão”
Oswaldir e Carlos Magrão, Lago Verde Azul
Talvez os olhos carreguem nossa parte mais expressiva. Por eles percebemos sorrisos tristes, falas dúbias, sinceras, afetuosas.
Olhos de quem se assusta e assusta os outros!
Olhos esbugalhados
Pois bem, em oftalmo e quando doentes, chamamos esta condição de “proptose” ou “exoftalmia”
Vale saber que nossos olhos estão dentro de uma “caixa óssea” em forma de cone.
E não estão soltos, estão bem protegidos por tecidos molinhos como músculos (aqueles que movimentam nossos olhos) e gordura (sim, sempre ela!!!). Tudo bem ajustado para que tenham a aparência a que estamos acostumados!
Proptose ou exoftalmia
É tudo tão perfeitamente organizado e distribuído que, se alguma coisa diferente aparece: sangue, células inflamatórias ou infecciosas ou tumorais, o olho é empurrado e muda de lugar. Desloca para baixo, para cima, para os lados e para fora da órbita. E instaura-se a proptose ou exoftalmia (e o SUSTO!!).
Oftalmopatia Tiroideana
De todas as causas, a mais comum é a exofalmia associada às doenças da tiróide. Ocorre um aumento de células inflamatórias nos tecidos perioculares, diminuindo o espaço para o olho, e ele não tem outra alternativa senão saltar para fora.
Quanto mais avançada a doença, mais “apertado” fica o olho:
- as pálpebras não conseguem fechar completamente ao piscar e durante o sono, e a córnea fica ressecada e machucada
- os músculos ficam comprometidos e não conseguem se movimentar direito: passamos a enxergar duplo (um olho não acompanha o outro) em casos extremos,
- o nervo óptico fica esmagado e compromete de fato a visão.
Em geral, ao se tratar a doença tiroideana, as células inflamatórias vão embora, e tudo melhora. Mas sempre é bom saber: quanto mais precoce o diagnóstico e tratamento, melhor o resultado, como sempre.
O Normal e o Patológico
Seeeeempre vem a dúvida depois de um post como esse. E o perigo de entrar num labirinto…
Antes de mais nada, temos que nos perguntar, analisar, entender:
- Mudou mesmo? Quando? Foi de uma hora para outra ou devagarinho? – e aí sempre vale uma selfie antiga
- Dói? O olho fica vermelho?
- A visão mudou?
Se a dúvida persistir, saia deste labirinto: vale a pena procurar seu oftalmologista para um exame completo e excluir qualquer alteração patológica que possa comprometer a visão ou mesmo a estética.
Sem susto e sem assustar os outros 😉
Referências:
Topilow, N. J., Tran, A. Q., Koo, E. B., & Alabiad, C. R. (2020). Etiologies of Proptosis: A review. Internal medicine review (Washington, D.C. : Online), 6(3), 10.18103/imr.v6i3.852. https://doi.org/10.18103/imr.v6i3.852