sad-unhappy-sick-woman-with-dark-hair-wearing-white-casual-t-shirt-sitiing-on-bed-with-crossed-legs-touching-her-neck-suffering-from-sore-throat-frowning-face

Quem nunca apresentou aquele nó na garganta? Aquela sensação de aperto, um desconforto ou até mesmo dor?
As diversas sensações na garganta são motivos frequentes de consulta médica.

Nó na garganta e as emoções

Antes de mais nada é importante saber que as emoções fazem parte do nosso corpo, influenciando, muitas vezes, nosso comportamento e o nosso estado fisiológico.

Contudo, mesmo quando estamos atentos e conscientes, o estado emocional tal como raiva ou felicidade podem dar origem a sensações subjetivas.

De acordo com algumas pesquisas, 96% das sensações de nó na garganta estão associados ou são exacerbados em períodos de maior intensidade emocional.

É comum as pessoas contarem que têm esses sintomas quando estão passando por momentos mais estressantes. Quando relacionados a ansiedade, podem vir acompanhados por outros sintomas bem como falta de ar, respiração rápida e intensa, tensão nos ombros.

Há um componente músculo-esquelético e sensações viscerais que se referem a efeitos no sistema nervoso autonômico.

Por este ponto de vista, frente a situações de estresse, desgaste emocional, raiva, saudade e tantas outras emoções o sistema nervoso autônomo desencadeia um estímulo para contratura ou tensão muscular cervical e musculatura faríngea e esofágica que aparece então como a sensação de nó na garganta. Ao mesmo tempo, há  aumento de adrenalina e cortisol que além de aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial  também interferem na frequência respiratória.

Sensação de nó na garganta, como é isso?

A sensação mais frequentemente descrita é o “Globus Faringeo”, ou mais popularmente conhecida como “bola na garganta” ou “bola que sobe e desce”.

Por exemplo, é uma sensação indolor na garganta que pode se caracterizar por sintomas de corpo estranho, estreitamento, aperto na garganta e sensação de esgasgos.

Como evitar:

  • Controle os períodos de estresse ou ansiedade
  • Tire um tempo para você, pratique atividades relaxantes e prazeirosas como yoga, massagem, atividades culturais
  • Mantenha dieta balanceada
  • Limite a ingestão de álcool e cafeína
  • Exercite-se
  • Respire fundo
  • Durma bem
  • Aceite aquilo que náo se pode controlar
  • E mais, mantenha atitudes positivas e sorria sempre!!

E se não for emocional? Há causas orgânicas?

A investigação de causas orgânicas é sempre obrigatória.

Na grande maioria das vezes, encontramos outros sintomas associados; tais como: dor na garganta, desconforto ao deglutir, febre, queimação na garganta, náuseas e vômitos, fadiga, obstrução nasal, respiração oral e tantos outros.

Outras causas de desconforto na garganta:

As infecciosas

As causas mais comuns são as infecções que acometem principalmente crianças e adolescentes.

A dor de garganta, no quadro infeccioso,  geralmente piora ao deglutir. Podendo ou não estar acompanhada de febre. Uma faringite!

A faringite, na grande maioria das vezes é decorrente de um quadro viral como um resfriado comum, gripe Influenza e até mesmo covid-19. Por outro lado, em menor frequência é causada por bactérias, sendo a principal bactéria: o  Streptococcus pyogenes.

No caso de uma faringite infecciosas outros sintomas podem estar também presentes: febre, tosse, coriza, espirros, dor no corpo, dor de cabeça, nausea, e vômitos.

Refluxo gastro esofágico: 

Outra causa comum, cujo nome mais correto para os sintomas da garganta é refluxo-laringofaríngeo. Em outras palavras, a regurgitação do ácido e enzimas digestivas do estômago induzem uma inflamação crônica da laringe e ou faringe induzindo a sintomas de queimação, dor na garganta, aperto, etc.

Alergias

Crises alérgicas podem dar a sensação de arranhar ou coçar a gartanta, geralmente com obstrução nasal e coriza.

Bocio tireoidiano

Bócio é o aumento da glândula tireoide, que pode ser por nódulo único, múltiplo ou doença de Graves ou hipertireoidismo. Pode causar dificuldade de deglutir, falta de ar, sensação de sufocamento, pressão no pescoço.

Os bócios geralmente aparecem por falta de iodo, mas no Brasil isso é muito raro pois o iodo é adicionado no sal de cozinha.

Há ainda outras causas mais raras como distúrbios motores, tumores, etc.

É preciso procurar um médico por apresentar um nó na garganta?

Sim! A avaliação médica é que vai a partir do histórico, sintomas, exame do paciente e até exames complementares identifcar a causa do aperto na garganta e instituir o melhor tratamento!!

Segundo a Academia Americana de Otorrinolaringologia deve-se mais rapidamente procurar avaliação médica se estiver acompanhado de falta de ar, dificuldade engolir, dificuldade de abrir a boca, dor de ouvido, vermelhão no corpo,  febre, rouquidão, inchaço ou abaulamento ou a sensação estiver durando mais de uma semana.

 

Referências:

  1. Anxiety and depression association of America https://adaa.org/tips
  2. https://www.enthealth.org/conditions/sore-throats/
  3. Jones D, Prowse S. Globus pharyngeus: an update for general practice. Br J Gen Pract. 2015;65(639):554-555. doi:10.3399/bjgp15X687193
  4. Kenealy T. Sore throat. Clin Evid Handbook. December 2014:526-527. Visit http://www.clinicalevidence.bmj.com for full text and references.

Escrito por

Renata Di Francesco

Graduada em Medicina em 1993 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), e especializada em Otorrinolaringologia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Doutorado em 2001 e o título de Professora Livre-Docente foi obtido em 2010.
No dia a dia dedica, no consultório privado o cuidado com pacientes e familiares.
Ainda no Hospital das Clínicas da FMUSP, hoje, coordena o Estágio em Otorrinolaringologia Pediátrica.
Outros desafios:
Diretora da Educação Médica Continuada da ABORLCCF (2012-2014)
Presidente da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (2015-2016)
Diretora Secretária da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (2015),
Diretora do Departamento de Otorrinolaringologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo-SPSP (2016-2019)
Coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Desenvolvimento e Aprendizagem da SPSP (desde 2019)
Diretora do Departamento de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria -SBP (desde 2019).