Os feriados de final de ano e as férias se aproximam. Nada melhor do que passar o verão com muito sol  na praia e na piscina. 

Entretanto, sabemos que no meio de todo este paraíso, de repente podemos ser surpreeendidos por uma desconfortável dor de ouvido. 

Cerca de 10% das pessoas experimentarão pelo menos um vez na vida esta irritante sensação. 

É isso, horas dentro da piscina ou na água do mar e então no dia seguinte você mal consegue encostar a mão a orelha! Pronto, uma otite externa. 

Otite externa

A otite externa é uma afecção que acomete a pele do conduto do ouvido, frequente no verão. Esta é diferente da otite média aguda que é  comum em crianças que na grande maioria das vezes  acontece  no inverno após um resfriado e dá-se pelo acúmulo de secreção dentro do ouvido na caixa do tímpano. 

Como acontece a otite externa

A otite externa, em geral acontece devido ao crescimento de bactérias existentes no conduto auditivo externo tais como  Pseudomonas aeruginosa ou Staphylococus aureus que acabam se proliferando e gerando uma intensa resposta inflamatória em consequência do aumento da  umidade e eventualmente alguma porta de entrada na pele como por exemplo pequenas escoriações decorrentes de coçar o ouvido.  Raramente pode ser causada por fungos, como a Candida albicans.

O excesso de água na parte externa do ouvido/orelha, e a sua umidade residual remove o cerume, popularmente a “cera do ouvido” que é a a cobertura protetora da pele do conduto auditivo, aumentando  o pH local e portanto leva a maior susceptibilidade para infeção. Pode ainda ser pior na presença de coceira, escoriações, ou materiais abrasivos, como areia, por exemplo. 

Do mesmo modo o tempo de permanência na água é um importante fator desencadeante.

Outras condições menos frequentes e mesmo longe da água podem desencadear uma otite externa, por exemplo na presença de coceira intensa nos ouvidos e resultantes escoriações na pele do ouvido por trauma com objetos pontiagudos.

 

Dor de ouvido intensa e o que mais?

O sintoma principal é a dor intensa e o grande desconforto ao apenas se encostar levemente nos ouvido bem como  a sensação de orelha tampada e portanto redução da audição.

O que fazer?

Ao apresentar estes sintomas procure um otorrinolaringologista que vai indicar o tratamento mais indicado, geralmente gotas tópicas com antibióticos. É importante ainda evitar o contato com a água durante o tratamento. 

Como você pode se proteger da otite externa.

  1. Evite retirar o cerume do ouvido, pois este é uma proteção;
  2. Não coçe os ouvidos com as unhas e muito menos com qualquer outro instrumento, mesmo que seja haste flexível de algodão;
  3. Seque o ouvido apenas com a ponta da toalha ou um lenço de papel;
  4. Se você ficar com os ouvidos irritados ou coçando após uso de produtos para pele ou para o cabelo, convém protegê-los para não entrar em contato com o produto;
  5. Evitar a longa permanência dentro d’água;
  6. Se você for propenso a otites externas, utilize protetores de ouvido macios, como os de silicone.

Enfim, proteja-se e curta o verão!

Referências

Wade, T.J., Sams, E.A., Beach, M.J. et al. The incidence and health burden of earaches attributable to recreational swimming in natural waters: a prospective cohort study. Environ Health 12, 67 (2013).https://doi.org/10.1186/1476-069X-12-67

Medina-Blasini Y, Sharman T. Otitis Externa. [Updated 2021 Aug 7]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2021 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK556055/

Escrito por

Renata Di Francesco

Graduada em Medicina em 1993 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), e especializada em Otorrinolaringologia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Doutorado em 2001 e o título de Professora Livre-Docente foi obtido em 2010.
No dia a dia dedica, no consultório privado o cuidado com pacientes e familiares.
Ainda no Hospital das Clínicas da FMUSP, hoje, coordena o Estágio em Otorrinolaringologia Pediátrica.
Outros desafios:
Diretora da Educação Médica Continuada da ABORLCCF (2012-2014)
Presidente da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (2015-2016)
Diretora Secretária da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (2015),
Diretora do Departamento de Otorrinolaringologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo-SPSP (2016-2019)
Coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Desenvolvimento e Aprendizagem da SPSP (desde 2019)
Diretora do Departamento de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria -SBP (desde 2019).