Como médica, mas talvez como pessoa, sou maravilhada com a vida, por sua absoluta improbabilidade , espontaneidade, beleza e pluralidade. É assombrosa a brevidade da vida. O dia-a-dia no trabalho, cheio de preocupações parece uma rotina inquebrantável. Mas essa ideia é falsa. Sem aviso, a vida muda, acaba. Todos os dias no hospital sou confrontada com a finitude. Sim, a vida é efêmera, como uma bolha de sabão. A vida precisa ser vivida, precisa de cuidados.

Desde antes de Cristo, a fragilidade da vida humana é associada à bolha de sabão. As bolhas flutuam iridescentes, belas, perfeitas e então se rompem. A juventude, o prazer, a beleza e a saúde são delicadas como as bolhas de sabão. Esse simbolismo está presente através dos séculos na arte e na filosofia: o Homo bulla, ou o Homem bolha.

Nesta pintura de Karel Dujardim de 1663, percebe-se o simbolismo da efemeridade que a bolha possui na arte

A medicina quer essas bolhas voando alto, brilhantes no sol. A Panacea quer ajudar as pessoas a perceberem essa efemeridade e se conscientizarem de suas escolhas, com base no que sabemos hoje, para uma transformação das rotinas em hábitos saudáveis. Lembrando que o conhecimento muitas vezes tido como sólido, pode não passar de outra bolha de sabão, e mudar com o avanço do pensamento. Cuide de seu Homo bulla.

Estou convencia que a biografia de cada um pode determinar muito da saúde. Somos a somatória de nosso código genético, de nossa história, de nossa cultura e das nossas escolhas diárias, as mais simples! Como vivemos, como sentimos prazer, como nos relacionamos com o meio, com os outos e com nossa moral, tudo somado reflete na saúde de cada um. Faça seu Homo bulla ter na sua fina membrana de espuma todas as cores, deixe sua bolha voar mais alto e por mais tempo!