ceratocone

Ainda estamos em Junho e valem a pena algumas palavras para colaborar com a conscientização do Ceratocone, embora não seja uma doença comum: uma pessoa com ceratocone para cada 2000 pessoas.

Começa em geral na adolescência e é mais comum entre os alérgicos, usuários de lentes de contato rígidas e naqueles em que algum familiar tem a doença.

Mas o que exatamente é o ceratocone?

É quando a córnea, um tecido bem transparente que chega a refletir a luz e que fica bem no centro externo do olho, perde aos poucos a estrutura que a mantém rígida e começa a se esticar e ficar cada vez mais fina…

a visão de um olho humano
Photo by Lukáš Dlutko from Pexels, olho normal.

E o que acontece com a visão?

Quando a córnea deixa de ser redondinha, o sistema visual se apresenta com “astigmatismo“. Ele interfere tanto para longe quanto para perto, basicamente distorcendo a imagem em um determinado meridiano, de acordo com os eixos de um transferidor. Assim, alguns astigmatas não enxergam bem as linhas horizontais (0 ou 180 graus), outros as linhas verticais (90 graus), outros as oblíquas.

A fragilidade do tecido corneano (que parece ter a ver com o colágeno: sim, sempre ele!!!) faz com que uma pequena área comece a abaular, em forma de cone, e faz a parte central deixar de ser redondinha: aí o astigmatismo.

O que não fazer: como evitar o ceratocone?

Muitos estudos relacionam o desenvolvimento ou progressão do ceratocone a coçar os olhos. Nos dias de hoje, fechados em casa, com animais de estimação, olho direto nas telas sem piscar, certamente as crises alérgicas vêm com tudo. Ao invés de começar a coçar os olhos (e isso não pára…), compressas geladas ajudam muuuuito!

Da mesma forma, o uso de lentes de contato sem a devida adaptação e acompanhamento também pode agravar o quadro. Assim, cuidado!

O que fazer?

Veja, nem todos que têm astigmatismo, têm ceratocone. Assim como nem todos que usam lente de contato rígida ou que coçam os olhos, ou que têm familiares com ceratocone, irão desenvolver a doença. Há que se ter uma combinação de fatores. E por isso que o ceratocone é raro (de novo, 1 pessoa para cada 2000).

Para tanto, novamente avisamos: na dúvida, consulte um oftalmologista. A ciência caminha e sempre há novidades e particularidades.

Para ler mais:

Yaron S. Rabinhowitz – Keratoconus – REVIEW ARTICLE| VOLUME 42, ISSUE 4, P297-319, JANUARY 01, 1998 DOI:https://doi.org/10.1016/S0039-6257(97)00119-7
Miguel Romero-Jiménez 1Jacinto Santodomingo-RubidoJames S Wolffsohn: Keratoconus: a review. Cont Lens Anterior Eye 2010 Aug;33(4):157-66; quiz 205. DOI: 10.1016/j.clae.2010.04.006

Wagner H, Baar JT, Zadnik K. Collaborative Longitudinal Evaluation of Keratoconus (CLEK) Study: Methods and Findings to Date. Cont Lens Anterior Eye. 2007 Sep; 30(4): 223–232.doi: 10.1016/j.clae.2007.03.001

Santos RT, Moscovici BK, Hirai FE, Benicio CMF, Nakano EM, Nose W. Associação entre ceratocone, alergia ocular e comportamento ao dormir. Arq. Bras. Oftalmol. 84 (1) • Jan-Feb 2021 https://doi.org/10.5935/0004-2749.20210003

Escrito por

Cassia Suzuki

Médica oftalmologista, quase filósofa, mãe de 2 filhas e 2 cachorrinhas