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(Imagem por freepic.diller – br.freepik.com)
O que é intolerância a lactose?
Chamamos de intolerância a lactose quando o intestino delgado não consegue digerir bem o leite ou seus derivados pela falta de lactase. Lactase é a enzima que quebra o carboidrato contido no leite e nos seus derivados. E esse carboidrato contido no leite é a lactose.
A capacidade de produzir lactase no intestino delgado é uma característica genética herdada dos nossos ancestrais. Mas isso não quer dizer que a pessoa já seja intolerante a lactose desde que nasce! Então vamos entender um pouco melhor abaixo.
Qual a causa da intolerância a lactose?
Existem duas causas principais:
- Hereditária: é a forma mais comum. Ao nascer, como todo mamífero, a criança produz lactase para digerir o leite materno. Conforme cresce, essa capacidade vai minguando. Algumas pessoas já se tornam intolerantes na infância, enquanto outras, só na idade adulta. E entre os idosos, é ainda mais comum a dificuldade de digerir o leite ou seus derivados.
- Adquirida: como a lactase é produzida no intestino delgado, doenças que afetam essa região do intestino prejudicam também a produção da lactase.
Intolerância a lactose é o mesmo que alergia a leite?
Não! O alérgico não pode ter nenhum contato com a substância que sofre uma reação imunológica intensa. Já na intolerância a lactose, o que acontece é que, pela falta da enzima digestora, a lactose fica no interior do intestino ocupando volume, sofrendo fermentação e provocando desconforto.
Quais são os sintomas da intolerância a lactose?
Variam bastante. Podem ser desde leve desconforto, até cólicas que levam a pessoa a procurar o pronto socorro.
As principais manifestações são:
- dor, desconforto e inchaço no abdômen
- cólicas intestinais e ruídos de gases e líquidos se movimentando
- flatulência
- náuseas
- diarreia
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É comum que os sintomas comecem meia-hora ou até duas horas após a refeição. Não existe um padrão fixo. Há pessoas que um dia fazem uma refeição com queijos ou molho de creme de leite e não passam mal. E no outro dia, os mesmos alimentos causam sintomas intensos. Isso dificulta o reconhecimento dessa condição.
E porque nem sempre é fácil mesmo reconhecer a intolerância a lactose… os sintomas dependem não somente da quantidade de lactose ingerida, mas da quantidade de enzima disponível no intestino naquele momento! E há ainda outros fatores que influenciam. Por exemplo, os sintomas podem se agravar quando há excesso de gorduras, proteínas ou álcool… Se a pessoa comeu rápido demais, se está tensa (sim, sabemos que aspectos emocionais influenciam a sensibilidade intestinal também!), se ingeriu alimentos fermentativos (ricos em FODMAP)…
Quando procurar o médico?
Quando os sintomas prejudicarem sua qualidade de vida, e se houver dúvidas que a retirada de lácteos possa melhorar seus sintomas. As crianças e adolescentes em crescimento precisam de especial atenção para não sofrer prejuízo no seu desenvolvimento. Na consulta, além de caracterizar os sintomas digestivos e os tipos de alimentos desencadeantes de crises, faz parte questionar se pais, irmãos e avós também apresentam padrões digestivos semelhantes. A intolerância a lactose é mais comum em famílias de origem não europeia (não caucasoide).
Como se diagnostica a intolerância a lactose?
Na maioria das vezes, a avaliação médica cuidadosa pode dar o diagnóstico.
Os testes laboratoriais também ajudam a comprovar a suspeita:
Teste de tolerância a lactose. É uma prova funcional. O paciente dosa a glicemia no jejum. A seguir, toma lactose e vai dosando a glicemia a cada 30 minutos. Se produzir lactase, a glicemia vai subir significativamente dentro das próximas duas horas.
Teste respiratório de hidrogênio marcado. Também é uma prova funcional, em que o paciente ingere lactose e tem os gases expirados pelo pulmão medidos em um aparelho. Se não produzir lactase, a lactose sofre fermentação e o ar exalado tem maior teor de hidrogênio.
Esses testes funcionais podem gerar sintomas intensos em quem é intolerante a lactose. Por isso, às vezes a opção é pelo teste genético.
O teste molecular de tolerância a lactose aponta se a pessoa tem perfil genético com tendência a parar de produzir a lactase ao longo de sua vida.
E é importante lembrar que a intolerância a lactose pode acontecer em consequência a uma doença intestinal, ou sobreposta a ela. São exemplos de diagnósticos diferenciais: doença celíaca, doenças inflamatórias intestinais, síndrome do intestino irritável e parasitoses intestinais. Esses casos precisam ser reconhecidos e tratados adequadamente!
Sobre o tratamento…
Você já percebeu quantos alimentos contêm lácteos “ocultos”?
![leite e derivados com lactose ocultos nos alimentos](https://i0.wp.com/panacea.med.br/wp-content/uploads/2022/08/delicious-indian-dessert-arrangement-flat-lay.jpg?resize=387%2C258&ssl=1)
De fato, às vezes, as pessoas param de tomar leite e comer queijo, mas os sintomas persistem. É que nem sempre nos damos conta de quantos alimentos são preparados com leite ou derivados. Por exemplo, há lácteos ocultos em tortas, pães, bolos, doces, recheios, molhos e etc. A manteiga contém lactose em mínima quantidade. Já o whey protein, tão utilizado entre praticantes de esportes, é rico nesse carboidrato.
É preciso tirar todos os leites e derivados da dieta?
Não necessariamente. Intolerância a lactose não é alergia!
O manejo é mais pautado pelo conhecimento do próprio grau de tolerância. A ideia é buscar se alimentar conforme a aceitação do organismo. A retirada total de lácteos empobrece a dieta de cálcio e proteínas , e pode até “prender” excessivamente o intestino.
Pode-se retirar a lactose totalmente da dieta até ficar sem sintomas. Depois, reintroduzir gradativamente os lácteos em pequenas quantidades, observando as reações. Os derivados lácteos fermentados ou curados tendem a ter melhor aceitação que o leite propriamente dito. Administrados em meio às refeições, com outros alimentos, também podem provocar menos desconforto.
![](https://i0.wp.com/panacea.med.br/wp-content/uploads/2022/08/milk-products-on-wooden-table.jpg?resize=410%2C273&ssl=1)
Felizmente, hoje existem no mercado muitas opções de produtos sem lactose que suprem as necessidades do paladar e dos nutrientes necessários à nossa saúde. E também há o recurso de se administrar comprimidos de lactase nas refeições com alimentos lácteos.
Video recomendado:
Veja como a Dra Ana Maria Escobar explica de maneira bem didática a intolerância a lactose no video abaixo:
Leitura Recomendada:
www.bbc.com/portuguese/vert-cap-47599056
Referências bibliográficas
https://www.hopkinsmedicine.org/health/conditions-and-diseases/lactose-intolerance
Deng Y, Misselwitz B, Dai N, Fox M. Lactose Intolerance in Adults: Biological Mechanism and Dietary Management. Nutrients. 2015 Sep 18;7(9):8020-35. doi: 10.3390/nu7095380. PMID: 26393648; PMCID: PMC4586575.
Szilagyi A, Ishayek N. Lactose Intolerance, Dairy Avoidance, and Treatment Options. Nutrients. 2018 Dec 15;10(12):1994. doi: 10.3390/nu10121994. PMID: 30558337; PMCID: PMC6316316.
Di Costanzo M, Berni Canani R. Lactose Intolerance: Common Misunderstandings. Ann Nutr Metab. 2018;73 Suppl 4:30-37. doi: 10.1159/000493669. Epub 2019 Feb 19. PMID: 30783042.