Bungee jumping

O Bungee jumping originou-se na Ilha Pentecostes do Pacífico Sul. Vem de um ritual milenar de passagem dos jovens da tribo Vanuatu à idade adulta, chamado Naghol. Para comemorar a colheita do inhame, os rapazes desta ilha atiram-se de uma plataforma de 30 metros de altura, presos apenas por uma espécie de cipó amarrada ao tornozelo.

Em 1979, membros do Clube de Esportes Perigosos da Universidade de Oxford saltaram da ponte de Clifton.
Mas, em 1987, o neozelandês Alan John Hackett saltou da Torre Eiffel, preso pelo tornozelo, popularizando o Bungee jumping como esporte radical e comercial.

Bungee jumping e segurança

Embora seja considerado um esporte radical, a incidência de mortes pelo salto é baixa, cerca de 1 em 500.000 saltos.

Mortes:

Há 18 relatos de morte entre 1986 a 2002 e apenas 5 entre 2015 e 2018. Apesar de existir subnotificação, a incidência de casos fatais é rara, geralmente ocasionada por

  • trauma massivo por falha no equipamento, como a corda longa demais
  • erro humano, como a má avaliação da elasticidade da corda
  • existência de doenças cardiovasculares em quem salta.
    Além disso, há alguns relatos de enforcamento que ocorre quando a corda dá a volta no pescoço do participante. Nestes casos, o resgate deve ser imediato.

Risco de lesões no salto

No bungee jumping, a taxa de lesão por milhão de horas de participação foi calculada em 477. Como comparação, a mesma taxa dos esportes na neve (esqui e snowboard) é de 2293, do hipismo é 759,5, mostrando que o bungee jumping é mais seguro!

Os esportes radicais considerados mais seguros que o bungee jumping são o rafting e o mountain bike, mas pode existir também a subnotificação.

Depois da queda livre, as cordas do bungee puxam o participante para cima com grande força e com um movimento de vaivém, o que pode causar lesões.
Quase a metade dos que saltam apresentam alguma queixa clínica: visão borrada, tontura,  dor no pescoço, dor nas costas, dor no abdome, dor muscular. Geralmente o quadro é leve e resolve após 1 semana.

Olhos:

As lesões oculares são as mais comuns na literatura médica. Geralmente resultam do aumento da pressão que ocorre nos vasos sanguíneos dos olhos e na tração do vítreo e da retina com o movimento de chicote. Tanto a retina quanto a conjuntiva podem ser afetadas por esse aumento de pressão. Hemorragias, visão borrada e até descolamento de retina podem ocorrer, principalmente nos alto-míopes. Na maioria das vezes, a alteração é transitória. Entretanto, em alguns casos, o tratamento é cirúrgico.

Coluna vertebral:

Após a queda livre, a corda puxa o participante para cima com extrema força, favorecendo lesões na coluna vertebral e até na medula espinhal. Portanto, podem ocorrer fraturas, hérnias de disco e, mais raramente, lesões na medula levando à paraplegia ou à tetraplegia. Na paraplegia, perde-se o movimento das pernas. Já na tetraplegia, tanto o movimento dos braços quanto o das pernas é perdido.

Fraturas e lesões vasculares:

Ainda mais raras na literatura, aparecem como relatos isolados: fratura de fêmur, de tornozelo, de quadril, lesões de carótidas e de veia cava inferior.

Vai saltar?

Se você gosta de adrenalina e pensa em saltar, conhecer os riscos, conhecer sua saúde e receber orientações e equipamento de bons profissionais é fundamental. Faça escolhas conscientes!

 

Referências:

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doi: 10.29252/beat-060314